Mais um show pro Hall dos shows perdidos. As fontes indicam que foi excelente o show de aniversário de São Paulo, com Nação Zumbi, Tom Zé e os Mutantes, na última quinta-feira, dia 25. Por motivos de força maior não pude comparecer, mas o comentário geral foi positivo. Ao que parece, Zélia Duncan não deve nada à Rita Lee, e o Tom Zé continua louco. E a boa notícia é que talvez Sergio Dias e sua trupe percorram o Brasil numa turnê. A esperança é a última que morre.
De todo modo, já me considero recordista em perder shows bons. Entre eles estão Strokes, Eric Clapton, Deep Purple, Cake, Chico Buarque, dois do B.B King, e muitos outros que eu não me lembro agora. Houve também um show que eu perdi sem saber que estava perdendo. Na verdade eu ainda não os conhecia, mas logo que ouvi Kings of Leon, amaldiçoei a minha ignorância por ter perdido o show deles no TIM Festival, em 2005.
Não sou nenhuma referência cultural, e também não estou chamando você, caro leitor, de ignorante. O que eu quero aqui é frisar o quanto eu gostei do som dos caras. Isso porque é um som diferente, irrotulável (olha o neologismo ai, gente!). É aquele tipo de música que quando você ouve pela primeira vez fica impressionado e ao mesmo tempo confuso, tentando assimilá-lo.
Pra começar, a origem do Kings of Leon é bem diferente do comum. Não são nem californianos, nem ingleses, nem dos morros do Rio de Janeiro. Os caras são caipiras. Do Tenessee. É a mesma coisa que dizer que alguém é do Acre. É duvidoso. Pra deixar a coisa ainda mais estranha, três deles são irmãos e tem também um primo no meio. Mas fique tranqüilo, o som não se parece nada com Hanson. O mais marcante no som do Kings of Leon é o vocal escrachado. Fora isso, tem guitarrinhas que oscilam entre o rock n’roll e o country, batidas fora do comum e letras levemente pornográficas.
A banda é relativamente nova. Eles têm dois discos e o terceiro será lançado em abril. Apesar de não serem muito conhecidos no Brasil, lá fora eles estão tocando com gente como Pearl Jam e Bob Dylan.
Algumas sugestões pra começar a ouvir são Molly’s Chambers, Spiral Staircase e Red Morning Light, do primeiro disco, Youth and Young manhood. Pro segundo disco, Aha Shake Heartbreak, as sugestões são Slow Night so long, Pistol of Fire e King of The Rodeo. Mas ambos os discos podem ser ouvidos sem interrupção. É coisa fina, eu garanto!
Bom, por hora, é o que tenho pra sugerir. Obviamente eles não vão salvar o mundo do funk e do axé, mas fazem música pra caipira nenhum botar defeito. E são tão reais quanto o Acre.
Abraço!
Ps – A partir de hoje colocarei uma sugestão de playlist ao fim dos posts.
Sugestão de Playlist:
-Kings of Leon – Holy Roller Novocaine
-The Beatles – All Together Now
-Queens of the Stone Age – You think I ain’t worth a dollar, but I feel like a millionaire.
-Eric Clapton – Swing Low Sweet Chariot
-João Gilberto – O Barquinho