quinta-feira, 29 de novembro de 2007

The Quiet One

É incomum, ou até inédito, postar 2 dias seguidos por aqui, mas a ocasião pede.
Hoje, 29 de novembro de 2007, completam-se 6 anos da morte de George Harrison. Paciente de câncer, Harrison lutou desde a década de 90 contra a doença, que se iniciou nos pulmões a atingiu seu cérebro. Ciente de sua condição, decidiu passar seus últimos dias ao lado da família, trabalhando em projetos pessoais, até falecer aos 58 anos de idade.
Foi conhecido como o Quiet Beatle, ou como ele próprio cita em uma de suas músicas, The Mystical One, pela sua personalidade introspectiva diante do público. Contudo, pessoalmente era muito mais falante e ativo. Foi um grande amigo de Eric Clapton e Tom Petty, com quem trabalhou no Traveling Wilburys. Além de um compositor excepcional, George sabia tocar 26 instrumentos musicais diferentes, entre eles guitarra, ukelele, sitar e piano.
Em 1958, à convite de Paul McCartney, George ingressava na banda Quarrymen, que já contava com John Lennon na guitarra. Surgia ali o embrião dos Beatles. A história é bastante conhecida, portanto, não cabe aqui recontá-la. O fato é que, ao longo dos anos, George ganharia uma tremenda importância na banda, contribuindo ativamente com composições cada vez mais frequentes, como Something, While My Guitar gently Weeps, Piggies, Taxman, entre outras. Entretanto, o volume de composições de Lennon e McCartney sempre limitava a participação das canções de Harrison nos álbuns da banda, tanto que, no mesmo ano em que os Beatles se separaram (1970), George lançou um trabalho solo triplo, intitulado All Things Must Pass.
Ainda nos Beatles, George conheceu o trabalho do músico Ravi Shankar, e começou a ter maior contato com a cultura indiana. Em 1966, numa viagem ao país, conheceu Maharishi Mahesh Yogi e pouco depois se tornou Hare Krishna.
Em 1971, George organizou o primeiro concerto humanitário, em prol dos refugiados de Bangladesh. Concert for Bangladesh teve a participação de Ringo Starr, Eric Clapton, Bob Dylan, Ravi Shankar, entre outros. Dois anos depois, lançava seu segundo trabalho solo, Living in a Material World, que inclui a conhecida Gimme Love (Gimme Peace on Earth).
No ano de 75, Harrison rompia com a Apple Records, para em 76 inaugurar o seu próprio selo, a Dark Horse records, que perdurou até 2002, com o lançamento do seu álbum póstumo Brainwashed. Além de ter lançado 16 álbuns solos (contando o Brainwashed) e 2 trabalhos com o Traveling Wilburys, Harrison escreveu o livro I, Me, Mine, que narra sua história pessoal nos Beatles, além de tratar sobre seus hobbies, entre eles, a formula 1. Inclusive, George foi amigo do piloto Emerson Fittipaldi.
Em 1999, George sofreria um atentado em sua própria casa. Um intruso, chamado Michael Abram invadiu sua residência e o esfaqueou. Dois anos depois, já debilitado e pouco antes de falecer, Harrison participou ao lado de Jim Capaldi da regravação da música Anna Julia, do Los Hermanos.
Apesar de sua morte, a lembrança de Harrison permanece. A homenagem não só é justo, como inevitável, sobretudo, pela sua contribuição à humanidade. Sem George Harrison, os Beatles não seriam os mesmos, nem a própria música. Assim sendo, fica aqui minha homenagem singela a um dos caras que eu mais admiro.
E como presente, deixo a vocês o Live in Japan, gravado em 1999, em turnê pelo país. Pessoalmente, é um dos meus favoritos, pois inclui grandes versões de músicas compostas nos Beatles e em sua carreira solo. De quebra, ainda tem a participação de Eric Clapton na guitarra. Um puta disco que eu recomendo a todos, inclusive ao meu pior inimigo.
Abraço a todos, e salve George Harrison!

Sugestão de Playlist:

1. George Harrison - Cloud 9

2. George Harrison - Cockamamie Business

3. Beatles - While My Guitar Gently Weeps

4. Beatles - Piggies

5. George Harrison - Bangladesh

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Dois Brasileiros

O bom amigo Vini me passou uma pérola que até outro dia, estava escondida, pelo menos para mim. Me perguntou se eu curtia Ney Matogrosso, e eu respondi que conhecia pouco. Já ouvi uma coisa daquele álbum dele com o Pedro Luís e A parede, mais a sua versão de menino do Rio. E só.

- Cara, ouve um disco dele que se chama "Um Brasileiro".

- É bom?
- O disco todo são regravações de músicas do Chico. Quer que eu te passe?
- Nossa, demorou.

Não foi exatamente assim o diálogo, mas o que importa é que o álbum veio parar em minhas mãos. Só que ficou algum tempo esquecido na HD, já que veio num formato estranho que não era gravável em CD. Depois de algum tempo reorganizando minhas músicas, me deparei com "Um Brasileiro". E ai?

Aí o bicho pegou, porque o disco é muito foda. Ney Matogrosso escolheu a dedo um repertório impecável. De Construção a Não existe pecado ao sul do Equador, o cantor percorre grandes momentos do nosso poeta, sem perder o gingado. Claro que as versões são à moda de Ney, e esse que é o tempero da Baiana. O álbum é original e ao mesmo tempo fiel à obra. Inclusive, Chico faz participação em Até o Fim, com a sua voz fanha e "Chinfrim". Destaque ainda para a versão de A banda, e de Corrente.

Se a proposta é boa, o disco é melhor ainda. Eu poderia escrever mil linhas, que nenhuma descrição seria melhor que o próprio disco. Deixo as palavras para Chico, e passo a bola para o Ney. Ou melhor, pra você.

Download Ney Matogrosso – Um Brasileiro (1996)

  1. Construção
  2. Moto-contínuo
  3. Cala a Boca, Bárbara
  4. Mil Perdões
  5. Valsinha
  6. Minha História (Gesubambino)
  7. Soneto
  8. Roda Viva
  9. Corrente
  10. Bom Conselho
  11. Partido Alto
  12. Homenagem ao Malandro
  13. Até o Fim
  14. Almanaque
  15. Acalanto Para Helena
  16. A Banda
  17. Não Existe Pecado ao Sul do Equador

Abraço!

Sugestão de Playlist:

  1. Ney Matogrosso – Cala a Boca, Bárbara
  2. Beatles – I Want You (She's so Heavy)
  3. Radiohead – Creep
  4. Chico Buarque – Homenagem ao Malandro
  5. Led Zeppelin - What Is and What Should Never Be

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Clapton & Cale

Long time no see!

Em São Paulo, feriado monstro para alguns. Mas tudo normal hoje, exceto pela cara de segunda-feira. Porquê às vezes os dias tem cara de outros dias? Qual seria a forma correta do Porquê na sentença anterior? Porquê eu estou indagativo hoje?

Ok. Linguiças já inchadas, vamos ao assunto.

Eric Clapton vira e mexe faz algumas parcerias. Já citei aqui o álbum que ele gravou com o velho Riley B. King. E prometi há algum tempo escrever sobre a empreitada dele com Jean Jacques Cale, sugestão do Johnny. A coisa foi sendo empurrada com a barriga até hoje, e eu preciso me livrar desse encosto, antes que ele me consuma. Aproveitando que eu tenho pouco, ou quase nada pra tratar aqui (apesar da última onda de sugestões, que eu ainda não assimilei), segue abaixo um pequeno review sobre o trabalho citado acima.

The Road to Escondido é o nome do álbum, lançado em 7 de novembro de 2006.
Historinha:

"Eric Clapton organiza em 2004 o Crossroads Guitar Festival, um festival de 3 dias de shows em Dallas, com a participação de diversos bluesmen, entre eles, J.J Cale. Clapton, desde cedo influenciado pelo homem, decide convidá-lo para produzir seu próximo trabalho. O clima é bom, os rapazes se dão bem, tuuuudo é uma maravilha. Então Cale passa de produtor a co-autor, e eles gravam The Road to Escondido, em referência à cidade de natal de J.J Cale, Valley Center, que fica próxima a Escondido."

Bom, tratando-se do homem que influenciou Clapton, Cale só poderia acrescentar mais ao álbum. E foi o que aconteceu. Além do blues, do rock e dos timbres aveludados já característicos do Slowhand, J.J adicionou à mistura um pouco de folk, country e desacelerou as cadências do Blues. O resultado é um álbum suave, inteligente, e cheio de detalhes. Mas nem por isso, o disco perde sua empolgação.

Entre as faixas, pianos serelepes, guitarras complementares, vozes sussurradas, e batidas que remetem ao Bluegrass. Destaque para Heads in Georgia, Don't Cry Sister, Sporting Life Blues e Hard to Thrill. E não tem muito mais o que falar. Disco bom e bem produzido, para se ouvir no calor da introspecção, ou ainda, na estrada. De preferência, rumo a Escondido.


Abraço!


Sugestão de Playlist:

1. Eric Clapton & J.J Cale - Hard to Thrill
2. David Lee Roth - Just a Gigolo
3. Social Distortion - Don't Drag Me Down
4. Bob Geldof - I Don't Like Mondays
5. Cidadão Instigado - O verdadeiro conceito de um preconceito

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Quando o grave bate no peito.

Pink Floyd é uma puta referência musical, e isso é fato. Não só por ter influênciado grandes bandas e até mesmo o Falcão (vide Atirei o pau no gato), mas por ter se consolidado como uma vanguardista, tendo inclusive inventado toda essa história de sincronizar filmes com álbuns. Já ouviu falar em Dark side of the Rainbow, a famosa sincronia de Dark Side of The Moon com O Mágico de Oz?


Não é a toa que, vira e mexe, lançam tributos à banda, versões de álbuns, etc. Já teve versão Country do The Wall, versões clássicas feitas por um quarteto de cordas, entre outras. Mas entre essas versões, destaco uma em especial, que é uma verdadeira pedrada, no bom sentido da palavra.

Em 2003, o Easy Star All Stars, banda Nova-Iorquina de Reggae e Dub, lançava seu primeiro trabalho, The Dub Side of The Moon, que como o próprio nome diz, é a versão Dub do Dark Side of The Moon. Mas engana-se quem acha que é apenas um bando de músicas cantadas por um vocalista com sotaque Jamaicano, com acordes simples de guitarra e cheiro ce Cânhamo. Dub Side of The Moon é, na minha humilde opinião, o melhor e mais original tributo ao Pink Floyd. Isso porque presta a homenagem sem descaracterizar o som, e ao mesmo tempo, sem parecer mais um coverzinho.

Já de início dá pra sentir a pegada do álbum, abrindo com Speak to Me / Breathe. O disco vai seguindo e, a cada música, a batida entra mais na cabeça e o baixo grave bate no peito. Isso sem contar todo o resto da melodia mergulhada no reverb, e os efeitinhos Rasta-Lisérgicos clássicos do Dub.

Pra completar, o disco vem ainda com 4 faixas bônus e um guia de "como sincronizar o Mágico de Oz com o Dark Side of The Moon". E eu posso atestar que tal sincronia é verdadeira. Pode ficar encafifado (a). Óbviamente, o guia não faz parte do nosso download, mas o resto do pacote é certeza. Satisfação garantida, ou mais um download grátis pra você.

Se até agora você ainda está meio incrédulo, veja o vídeo abaixo pra sentir qual é a do Álbum. A música é Breathe.



Curtiu? Então aproveite pra baixar aqui o som:

Easy Star All Stars - The Dub Side of The Moon

E é isso ai, irmão. Esse é o meu Testemunho. Declaro que o referido é verdade e dou fé.

São Paulo, 13 de novembro de 2007.

Abraço!

Sugestão de Playlist:

1. Easy Star All Stars - Step it pon the Rastaman Scene

2. Muse - Apocalipse Please

3. Janis Joplin - Move Over

4. Toquinho e Vinícius - A Tonga da Mironga do Kabuletê

5. Rage Against The Machine - Renegades of Funk

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Leitura Recomendada

É rapidinho eu prometo.

Só pra não deixar desnutrido esse Blog, vou mandar um post-aperitivo. Dessa vez, para os olhos e não para os ouvidos. Acontece que a meu projeto "Reorganizar 2007" está me deixando confuso. O projeto consiste em pegar tudo o que eu tenho de música e colocar em um só lugar, backupear e correr pro abraço.

Problema #1: O volume de música cresce a cada dia. Sempre tem uma sugestão nova e eu sou curioso demais pra deixar passar.

Problema #2: Falta tempo pra fazer isso. Envolve toda uma logistica Trabalho-Casa que acaba comigo. E dá preguiça também.

Mesmo assim, sempre sobra tempo pra ler uns outros blogs e achar coisas legais. E dessa vez veio um petardo. Achei o Antipropaganda, uma espécie de um Blog que trata sobre diversos temas com uma abordagem humorística. O cara é a favor da publicidade verdadeira, sem truques, ardis, e jogos de palavras. Acho meio utópico, mas a idéia é bacana. Como ele mesmo diz "Esse mundo tá todo fudido, cara", e às vezes eu boto fé mesmo. De qualquer jeito, entra ai e gasta uns 10 minutos. Você vai virar leitor, ou então passar um bom tempo lá. Satisfação garantida! O link também está na barra ao lado (Outros autores).

Pra não fugir muito da música, essa semana os mais lováveis blogs de música postaram os "100 melhores álbums brasileiros" de todos os tempos, de acordo com a Revista Rolling Stone. Isso inclui o download de todos eles. Fodásso! É claro que, como toda lista desse tipo, ela é injusta e tem umas merdas no meio, mas vale a pena pelos downloads. E tem Acabou Chorare na primeira posição. Prontofalei!

Pra ver um desses blogs bons, clique aqui, ou navegue nos links ao lado.

É isso ai, forte abraço!

Beijomeliga!

Sugestão de Playlist:

1. Céu - Roda (Sem preconceito, galego!)
2. Hot Water Music - Remedy
3. Beastie Boys - Suco de Tangerina
4. Dire Straits - Once upon a time in the West
5. Cidadão Instigado - Te encontra logo

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O Acaso

Após um feriado revigorante, voltamos às atividades normais. A mesma rotina, pelo menos até a próxima semana.


Confabulando sobre o que eu poderia sugerir aqui, e paralelamente fuçando na internet, me lembrei de como o acaso às vezes traz alguns sons de qualidade pra nossa cabeça. Quem nunca descobriu uma música por acaso, seja no videogame, como pano de fundo de uma reportagem sobre o acasalamento das baleias do ártico, ou ainda, por pura estupidez? São essas surpresas que expandem o nosso inventário musical e nos levam à experiências sonoras nunca antes sonhadas, fazendo da vida um lindo laboratório audiovisual, por onde as fantasias flutuam e os decibéis harmoniosamente acompanham nossas ações, tal qual uma trilha sonora. (Ok, beeem viagem)

Mas sério, não é excelente descobrir uma sonzeira por acaso? Ou ainda, entrar num blog super bacana e ler uma sugestão musical de encher os ouvidos?
Anyway, uma das boas descobertas que tive por acaso foi o Hot Water Music. Pelo que me lembro, estava lendo sobre as influências de uma banda X, quando li esse nome pitoresco entre os artistas listados. Resolvi baixar uns 2 sons e de primeira não gostei. Era óbvio que eu não ia gostar, porque eu estava naquela fase adolescente, imerso na atmosfera punk rock, onde eu só achava bom o que tinha no mínimo 15 batidas na caixa por segundo. Então, depois de um tempo, eu comprei uma coletânea (de punk Rock) e tinha um som dessa banda.

Resumo da Ópera: curti demais aquela música e comprei o álbum que a continha. Hoje, Caution é um dos meus álbuns favoritos, pelo fato de ser muito coeso e diferenciado, inclusive pela capa. É considerado por muitos um tipo de Pós-Punk, e até que a definição cai bem, apesar da minha opinião sobre rótulos.

O HWM é uma banda norte-americana, de Gainesville, Flórida, formada em 1993. É bem reconhecida pelos vocais rasgados de Chuck Ragan e pelas linhas de baixo pouco convencionais de Jason Black, claro, sem descartar o restante da banda. Essas características tornam o Hot Water bastante original, e fica fácil identificá-los após 2 ou 3 acordes. A boa notícia é que, após um recesso de 2 anos, os caras estão voltando e esperamos que eles dêem as caras por aqui.

A segunda descoberta do acaso, e bota acaso nisso, foi o Backyard Babies (outro nome bastante pitoresco, de fato).

Ainda na minha adolescência, e ainda imerso naquela atmosfera Punk Rock, eu planejava ir a um show do Avail. Confesso que nem conhecia, e até hoje não conheço a banda, mas sabendo que os gringos passariam por aqui, queria ver qual era a dos caras. Acontece que eu fui idiota o suficiente para ir no Hangar 110 uma semana antes e dei de cara com o Backyard Babies. Não era aquele punk rock gritaria, mas um hard rock de primeira. Não poderia ser diferente, tratando-se da turnê do Making Enemies is Good.

A banda, formada em Nässjö, na Suécia, já tem 20 anos e obviamente passou por diversas formações. É fato que conheço pouco além de Making Enemies is good, mas sem dúvida o BYB é outra boa surpresa.Quando cheguei no show, estranhei aqueles europeus Posers e aquele guitarrista com pinta de índio Pataxó, mas no fim, achei o som bem bom. "O rock estava ali, e foi lindo."

Liderados pelo frontman Nicke Borg, também membro do Hellacopters, o Backyard Babies faz um hard rock simples e pouco engajado, mas repleto de guitarras endiabradas e refrões pegajosos. Parece sim bem simplório, mas ainda assim é bem original e distinto. Vale a pena tirar suas próprias conclusões.
Pra baixar, basta entrar na nossa estimada HD Virtual ou então, clicar diretamente nos links abaixo.
Abraço!
Sugestão de Playlist:
1. Hot Water Music - Wayfarer
2. Backyard Babies - The Clash
3. The Black Crowes - Remedy
4. NOFX - Glass War
5. Chico Buarque - Folhetim