Post elaborado antes e depois do almoço. Bon Appetit!
Entre 1997 e 1998, surgiam os “Los Hermanos”.
A banda carioca, formada por estudantes da PUC e idealizada por Marcelo Camelo, nunca seguiu receita musical alguma, sempre somando ou subtraindo ingredientes do seu som, sem nunca perder o sabor. Naturalmente, a prática e o tempo levam à excelência, e pouco a pouco, os rapazes foram melhorando a mão.
É verdade que para 10 anos de carreira, os Hermanos possuem um cardápio restrito, no que se refere à quantidade (4 Álbuns), mas sem dúvida a qualidade é excepcional, e o tempero é melhor que o da baiana. Aliás, o segredo está justamente no tempo de preparo, para que nada seja servido cru.
Começaram soando ligeiramente como hardcore, apesar das letras de amor e de outros elementos alheios ao gênero, como trompetes. No final de 98, a banda (formada por Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Rodrigo Barba, Bruno Medina e Patrick Laplan) lançava duas fitas demo como aperitivos, intituladas “Chora” e “Amor e Folia”. De uma maneira ou de outra, as fitas caíram no gosto de Paulo André, então produtor do festival Abril Pro Rock de Recife. Foram convidados a tocar no festival, e logo em seguida, se apresentavam no Festival Superdemos.
Já em 1999, lançavam seu álbum de estréia, homônimo, pela Abril Music. O disco vinha recheado de músicas que perambulavam entre o hardcore, o ska e o samba, e variava entre letras adocicadas e amargas. O hit Anna Julia estoura e projeta os rapazes no cenário nacional, resultando na venda de 300 mil cópias do álbum. A canção agradou também o paladar de Jim Capaldi, que com George Harrison, regravou-a em seu último trabalho “Living on the Outside” (2001).
Um par de anos depois, já digeridos pela cena musical brasileira, os Hermanos mostram seu amadurecimento no Bloco do Eu Sozinho. O segundo álbum da banda traz ainda um gosto de hardcore, mas desta vez empanado em melodias sincopadas, fortemente influenciadas pela Bossa Nova, Samba, e com maior participação do naipe de metais. A adição de novos ingredientes somada à “reforma parcial na cozinha” (o baixista Patrick Laplan deixara a banda) trouxe uma sonoridade mais saborosa à banda. Contudo, parte da crítica (e inclusive a própria Abril Music) alegou indigestão e colocou os rapazes na geladeira.
Mesmo assim, os adeptos da banda cresciam pouco a pouco, e em 2003 mais um trabalho saia do forno, sob o nome de Ventura. É verdade que houve uma pequena degustação antes da hora (algumas versões demo vazaram pela internet), mas isso não impediu o disco de consolidar finalmente o Los Hermanos no cenário nacional.
Ventura é, para mim, o disco mais rico da banda, porque traz uma pluralidade de condimentos como só o paladar brasileiro poderia conceber. Ao mesmo tempo em que põe à mesa o samba de “Samba a dois”, traz a melancolia de canções como “O Velho e o Moço”. Consegue reunir o rock de “Cara Estranho” à levada circense de “Do lado de Dentro”, e assim por diante. A turnê do disco resultaria ainda em um DVD, gravado no Cine Íris.
Em 2005, a banda lança seu quarto trabalho: Quatro. Para todos que estavam acostumados com a levada de Ventura, o disco veio como um baque. Não por ser ruim, mas por ser completamente introspectivo. Ao contrário dos demais álbuns, Quatro é mais calmo, bastante puxado na Bossa Nova. Os metais, que caracterizavam a banda nos trabalhos anteriores, foram subtraídos, dando espaço para o violão. O tempero é mais suave, mas ainda assim, a mistura é bem azeitada e traz pérolas como “Condicional”, “O Vento” e a levada latina de “Paquetá”.
Em abril de 2007, após mais uma turnê, a banda abruptamente anuncia um recesso, em função do acúmulo de atividades de cada um dos integrantes. Rodrigo Amarante decide se dedicar à Orquestra Imperial; Rodrigo Barba foca suas atividades na banda Jason; Bruno Medina permanece escrevendo e Marcelo Camelo continua compondo e fazendo pequenas participações.
O banquete está suspenso, mas quem ainda não se deu por satisfeito, pode repetir enquanto não chega a sobremesa.
Deu água na boca? Então sirva-se. O buffet é livre.
Se preferir, acesse a HD 115dB.
Abraço!
Sugestão de Playlist
1. Los Hermanos - Cher Antoine
2. Móveis Coloniais de Acajú - Esquilo não Samba
3. Hot Water Music - Remedy
4. Sublime - Date Rape
5. João Gilberto - O Barquinho
4 comentários:
Ótimo post Peru.
Acredito que o Ventura seja uma extensão do Bloco, em relação a sonoridade e a temática das letras, o amadurecimento que se dá no Bloco é surpreendente em relação ao primeiro álbum da banda. Vale a pena conferir.
Abraço e mto som.
Muito bom. Fui em 3 shows deles, todos sensacionais. Quem gosta é fã mesmo, porque eles aliam boa musicalidade com letras inteligentes.
Bela banda, e espero que voltem.
I LOVE PERU
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