quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

No Subject, again

Saudações Pós-Natalinas,
Após um considerável período sem postar, volto sem assunto, mas com promessas. Como era de se esperar, nossa enquete foi um fiasco. Arrecadando impressionantes 3 votos, conseguimos um empate entre Beatles, Clapton e Blues. Sendo assim, nada de presente de natal atrasado.
Mas nos próximos dias a coisa deve melhorar. Este que vos escreve recebeu de presente "1001 discos para ouvir antes de morrer" e com certeza boa parte deles vai estar disponível no próximo ano por aqui, além daqueles que já estão na nossa HD.
E é isso. Lembrando que a promessa do post anterior está de pé! Está tarde e eu vou aproveitar o que me resta de férias com coisas melhores do que escrever para 4 pessoas lerem. Fique a vontade para esculachar. E nunca, mas nunca mesmo, compre nada na FNAC. Os caras tão de ácido!
Abraxas!
Sugestão de Playlist:
1. John Frusciante - Carvel
2. Janis Joplin - Bobby McGee
3. Beastie Boys - Off the Grid
4. Tim Maia - O Caminho do Bem
5. Chico Buarque - Cala a boca, Bárbara.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Planejamento de Ações

Como era de se esperar, o Blog tem tomado formas diferentes ao longo do tempo. É natural que isso ocorra, uma vez que todos nós temos fases musicais. Acredito que hoje estou revisitando uma dessas fases, pela qual costumo passar com alguma frequência. Tenho certeza que o Classic Rock foi o responsável pela ampliação dos meus horizontes. O contato com Floyd, Beatles, etc, foi o que me fez descobrir que gosto pra cacete de música, e incentivou a minha busca por novos sons. Acho muito válido, portanto, revisitar os grandes clássicos por aqui, mostrando muita coisa boa a quem não conhece, ou relembrando com quem sempre curtiu.

Nas próximas semanas, com alguma ajuda, pretendo publicar mais sobre bandas boas que ainda não passaram por aqui, ou que tenham passado despercebidas. Falo de Led Zeppelin, Rolling Stones, Creedence Clearwater Revival, Deep Purple, Santana, The Who, The Doors, e também de algumas que já tratamos aqui com menor profundidade (Beatles, Yes, Pink Floyd, etc.). Além disso, seguindo a idéia de 2 compadres, vamos falar um pouco sobre a importância BBC para o Rock, naquela época em que boas bandas participavam de programas e documentavam valiosos materiais fonográficos, normalmente batizados de BBC Sessions.

Isso tudo com certeza contribuirá para engordar a nossa HD 115 dB, e ajudará a democratizar a cultura via Web. Espero que apreciem, sem moderação

Um Abraço!

Sugestão de Playlist:

1. Rolling Stones - Gimme Shelter
2. Cream - Sunshine of Your Love
3. The Doors - Maggie M'gill
4. Yes - Heart of the Sunrise
5. Bachman Turner Overdrive - Takin' Care of Business

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Parte II - A Nata do Blues Britânico

Segue agora a segunda parte da história do Blues Britânico. Eu particularmente gosto muito dessas trajetórias, histórias, etc, então agradeço novamente ao Ito pela força. Destaco ainda a música I Feel Free pra vocês ouvirem. Melhorou, e muito, o meu dia. Sem mais.

Texto escrito por João Victor Andery

Voltei, e voltei com o creme (que não é Victoria’s Secret).

A história se passa após um show dos Bluesbreakers dentro de um carro Rover (não o show, a história), quando o baterista do Graham Bond Organization, Ginger Baker, dava uma carona de volta a Londres para Eric Clapton. Conversa vai, papo vem, e Baker menciona os problemas de Bond com as drogas e a sua vontade de sair e começar uma nova banda. Coincidentemente, olhem que genial, Clapton pensava a mesma coisa! Mais conversa vai, mais conversa vem, e, finalmente, Baker convida Clapton para se juntar à banda. Obviamente, Eric aceita, mas com uma condição: Baker teria que contratar Jack Bruce para tocar baixo.


Na época, e talvez até hoje, Jack e Ginger não se gostavam tanto quanto Waters não gosta do Gilmour. Dizem as más línguas que, certa vez quando ainda tocavam juntos com o Graham Bond, Ginger chegou a ameaçar Jack com uma faca. As diferenças eram tantas, que um sabotava o instrumento do outro e por muitas vezes iam às vias de fato ali mesmo em cima do palco em frente a toda a platéia. Seria aquele o último encontro de dois monstros do hard-rock-psichedelic-jazz-blues (HRPJB)? Talvez não. A não ser que o legítimo Jack tenha morrido em um acidente automobilístico e tenha sido trocado por um sósia chamado Billy. Mas a verdade é que, após uma reconciliação (não cabe a nós julgarmos se foi sincera ou não), Eric, Jack e Ginger entraram em estúdio.

A mídia ficou sabendo, e logo em seguida o furor tomou conta da multidão. Todos à espera de um milagre, afinal, eram três mestres plugados juntos a uma mesa de som. Os três chamam a banda de Cream pois eles já eram considerados “a nata” dentre os músicos de jazz e blues da Grã-Bretanha. Um fato curioso, ainda em 1966, um ilustre fã de Eric Clapton convida o Cream para tocar no mesmo festival em que ele tocaria, só pra ter a chance de fazer uma jam junto com o mestre. Esse fã era ninguém mais, ninguém menos que Jimi Hendrix.

Ainda em 1966, o Cream lança seu debut, Fresh Cream que alcançou o 6º lugar nas paradas britânicas e o 39º nos EUA. Mas isso são só números, e para nós, o que importa é o conteúdo. O álbum tem aproximadamente 12 faixas (varia de país em país), com alguns Standards do blues como “Spoonful”, “Rollin’ and Tumblin’” e “Cat’s Squirrel” e músicas próprias também, incluindo um dos primeiros solos de bateria na história do rock, o tour-de-force “Toad”. É o trabalho mais blueseiro e pesado deles, tendo destaque o hit “I Feel Free”, a porrada “N.S.U.” e o raíz “Sleepy Time Time”.

Já em 1967, sai o clássico Disraeli Gears, que alcançou o Top 5 em ambos os continentes. Eu precisaria de um post inteiro para contar detalhes deste álbum, mas o tempo é curto e o prazo também. Daqui saíram 3 maravilhas do mundo moderno: “Strange Brew”, “Tales of Brave Ulysses” e “Sunshine of your Love”. “Strange Brew” é um pop no estilo de “For Your Love” dos Yardbirds (música que foi motivo de saída do Clapton da banda), “Tales of Brave Ulysses” é uma viagem de ácido, e “Sunshine of Your Love” é uma história que começou a ser escrita no amanhecer de um dia na sacada de um hotel (It’s getting near dawn, when lights close their tired eyes). Outro destaque vai pra “Dance the Night Away” e “SWLABR”. Certa vez, perguntado no dvd “Classic Álbuns: Disraeli Gears” sobre essa música, Jack Bruce declarou:

Entrevistador: Qual é o significado dessa música?
Jack Bruce: (...) Drogas.

Ouça e comprove.

Em 1968 o Cream lança o seu álbum mais bem sucedido, o imponente disco duplo Wheels of Fire, primeiro disco de platina (1 milhão de cópias) a receber o certificado da RIAA, (Recording Industry Association of America). O disco 1 contém músicas inéditas, entre elas o sucesso de rádio “White Room” e a porrada “Deserted Cities of the Heart”. Já o disco 2 mostra o Cream ao vivo com uma performance memorável de 16 min de “Spoonful”. Porém, o ano não foi só de alegrias para a banda. Foi em 68 que eles não suportaram mais as pressões e decidiram terminar o que tinham acabado de começar. Bruce e Baker não se agüentavam mais e Eric não mais suportava ser o pacificador de brigas cinematográficas. Além disso, Clapton leu na Rolling Stone uma crítica sobre o Cream, em que o autor o nomeava como o mestre do blues clichê. Isso fez com que ele decidisse acabar com a banda e procurar um novo rumo musical para si (vide Derek and The Dominoes).

Já acabado, o Cream cumpre tabela e lança em 1969 o seu derradeiro trabalho de estúdio com um título que veio bem a calhar: Goodbye. Nada demais, apenas um desfecho póstumo, talvez em grande estilo para os fãs de boas parcerias, pois a faixa “Badge” é autoria de Clapton e do beatle George Harrison. Inclusive, foi o próprio George quem gravou a guitarra base.

Anos e anos depois os rapazes, agora bons senhores ingleses com dentes podres e roupas bem alinhadas, se encontraram em ocasiões especiais que não merecem ser mencionadas. A não ser a reunião do Cream em 2005 que acabou sendo lançado em CD e DVD. Foram shows no Madison Square Garden, em Nova York, e no clássico Royal Albert Hall, em Londres.

Dificilmente alguém vai conseguir fazer o que esses caras fizeram, sinceramente, sou bastante cético quanto a isso. Mas pensando por outro lado, as pessoas deviam falar a mesma coisa quando Mozart morreu, ai surgiu o Rock’n Roll e tudo ficou beleza.

Muito obrigado pelo espaço e espero voltar mais vezes. Enquanto isso devore o Cream sem moderação porque é bom demais.

Abraxoletas, como diria um amigo.


Download - (1969) Goodbye

Sugestão de Playlist:

É difícil eleger as 5 melhores do Cream, então eu vou tentar quebrar as regras e mostrar 10 essenciais.

1 – N.S.U.
2 – Sleepy Time Time
3 – Spoonful
4 – Sunshine of Your Love (procure a versão do Live Cream)
5 – Dance the Night Away
6 – We're Going Wrong (destaque especial)
7 – Tales of Brave Ulysses
8 – SWLABR
9 – White Room
10 – Deserted Cities of The Heart (ouça o solo do mestre)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Parte I - As Raízes do Blues Britânico

O próximo Texto é de autoria de João Victor Andery (Ito). Fico feliz em perceber que esse blog tem servido para estimular o interesse pela música, pela leitura e pela escrita, mesmo que para uma minoria. A idéia é essa mesmo. Sem mais delongas, segue o texto.

Na velha Londres da década de 60 uma nova geração de músicos floresceu. Vieram os Beatles, os Stones, The Who, Pink Floyd e etc. Eis que dessa geração saem algumas peças fundamentais para o surgimento do Blues fora da América. Tudo (e quando eu digo tudo, é tudo mesmo) começou com Alexis Korner, conhecido como "O pai do Blues britânico", e a sua banda, a Blues Incorporated, que inicialmente tocava R&B *. O sucesso da banda era tamanho, que eles faziam shows com Muddy Waters e recebiam fãs como Mick Jagger, Keith Richards, Brian Jones, Rod Stewart, John Mayall e Jimmy Page.

Pelo Blues Incorporated, já passaram diversas figuras notáveis do meio musical, como Charlie Watts (baterista dos Stones), Jack Bruce e Ginger Baker (baixista e baterista do Cream, respectivamente), e Graham Bond **, (organista, saxofonista e vocalista do Graham Bond Organization). Vale lembrar que Bond foi um dos primeiros músicos (quiçá o primeiro) a combinar o órgão Hammond aos amplificadores Leslie (equipamento básico de Jon Lord no Deep Purple), e hoje é também conhecido como o co-criador do Blues britânico.

Fora o Blues Incorporated e o Graham Bond Organization, mais uma banda forma a Tríplice-Coroa-dos-Pais-do-Blues-Britânico (TCPBB): o John Mayall and The Bluesbreakers, na minha modesta opinião, a mais importante delas. Faziam o som melhor trabalhado e sem dúvida terminaram de definir o Blues por lá. Eric Clapton passou pelos Bluesbreakers e com eles gravou um disco de título criativo: “Eric Clapton with The Bluesbreakers”. Foi nessa época que começaram a aparecer as inscrições “Clapton is God” nos metrôs de Londres. Além do ótimo som, os Bluesbreakers de John Mayall ficaram famosos por dar origem a outras bandas.

- Então espera ai. Pensando dessa forma, o cenário Blueseiro na Inglaterra era uma verdadeira putaria! Um dava raízes ao outro, que dava origem a mais um, e assim em diante.

Exato. Alexis Korner originou os Stones e o Graham Bond Organization. O Graham Bond deu origem ao Cream. E o John Mayall and The Bluesbreakers por sua vez deu origem ao Fleetwood Mac ** (na época de Peter Green, quando eles faziam um Blues roots), integrou Mick Taylor (não é o Jagger) nos Rolling Stones e Eric Clapton no Cream.

E é aqui onde eu queria chegar, no Creme do Blues, com os músicos mais requisitados da época, o primeiro Power Trio da história. Jack Bruce, Ginger Baker e Eric Clapton, o Cream. Mas essa é outra história, que fica pra mais tarde. Já tomei em demasia o tempo do leitor.

Obrigado e até a próxima.

Notas:

* O R&B era o estilo dominante da época. O The Who e os Stones no início eram R&B (Rhythm and Blues).

** Particularmente, Graham Bond era uma cara estranho. Viciado em heroína por algum tempo, largou as drogas e começou a se envolver com o ocultismo, chegando até a achar que era filho do próprio Aleister Crowley. Acabou suicida debaixo das rodas de um trem.

*** O Fleetwood Mac já foi bom um dia. No seu início, antes de Stevie Nicks e cia. entrarem para a banda, eram Peter Green e John McVie quem ditavam as regras. E a regra era o Blues.

**** Rod Stewart também já foi boa gente e gravou um disco Blueseiro com o Jeff Beck.
Texto por: João Victor Andery

Sugestão de Playlist:

1. John Mayall and the Bluesbreakers (With Eric Clapton) – Steppin’ Out
2. John Mayall and the Bluesbreakers (With Eric Clapton) - All Your Love
3. Graham Bond Organization - Wade in the Water
4. Graham Bond Organization - Big Boss Man

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Presente de Natal

Olá amigos, estou de volta após longa pausa.

E dessa vez, trazendo um presente de natal especial! Trata-se da discografia de uma das minhas bandas favoritas, o CKY ("Camp Kill Yourself"). Se após ler esse nome, você estiver procurando um rótulo para o som, já se perdeu no caminho. O som do CKY é diferente! Tem uma pegada rock mas ao mesmo tempo um estilo próprio, riffs de guitarra maravilhosos e letras que ficam na cabeça por muito tempo.

Essa banda pouco (ou nada) conhecida aqui no Brasil, começou a ganhar popularidade com a aparição da musica 96 Quite Bitter Beings no jogo Tony Hawk's Pro Skater 3. Depois do sucesso, assinaram com a gravadora Island (o primeiro cd, Volume 1 foi lançado independente) e lançaram o "Dark Side" deles, Infiltrate.Destroy.Rebuild.

Com dois singles no rádio e mais duas musicas em filmes (em Resident Evil 2 toca Escape From Hellview e em Jackass-O Filme toca Flesh Into Gear), o CKY entrou novamente em turnê (agora com um novo baixista) e em 2005 lançou seu mais recente trabalho, An Answer Can Be Found.

Para quem, como eu, é fã de carteirinha, uma boa noticia, o novo álbum está previsto pra ser lançado entre março e abril de 2008.

Aguardarei ansioso!

Abraço do titio.

Download - CKY - Volume 1 (1999)

Download - CKY - Infiltrate.Destroy.Rebuild (2002)

Download - CKY - An Answer Can Be Found (2005)

Sugestão de Playlist:

1. CKY - Escape From Hellview
2. Turbonegro - Get It On
3. H.I.M. - Venus Doom
4. Clutch - Hoodoo Operator
5. Daniel Lioneye - Lonely Road