Texto escrito por João Victor Andery
Voltei, e voltei com o creme (que não é Victoria’s Secret).
A história se passa após um show dos Bluesbreakers dentro de um carro Rover (não o show, a história), quando o baterista do Graham Bond Organization, Ginger Baker, dava uma carona de volta a Londres para Eric Clapton. Conversa vai, papo vem, e Baker menciona os problemas de Bond com as drogas e a sua vontade de sair e começar uma nova banda. Coincidentemente, olhem que genial, Clapton pensava a mesma coisa! Mais conversa vai, mais conversa vem, e, finalmente, Baker convida Clapton para se juntar à banda. Obviamente, Eric aceita, mas com uma condição: Baker teria que contratar Jack Bruce para tocar baixo.
A mídia ficou sabendo, e logo em seguida o furor tomou conta da multidão. Todos à espera de um milagre, afinal, eram três mestres plugados juntos a uma mesa de som. Os três chamam a banda de Cream pois eles já eram considerados “a nata” dentre os músicos de jazz e blues da Grã-Bretanha. Um fato curioso, ainda em 1966, um ilustre fã de Eric Clapton convida o Cream para tocar no mesmo festival em que ele tocaria, só pra ter a chance de fazer uma jam junto com o mestre. Esse fã era ninguém mais, ninguém menos que Jimi Hendrix.
Ainda em 1966, o Cream lança seu debut, Fresh Cream que alcançou o 6º lugar nas paradas britânicas e o 39º nos EUA. Mas isso são só números, e para nós, o que importa é o conteúdo. O álbum tem aproximadamente 12 faixas (varia de país em país), com alguns Standards do blues como “Spoonful”, “Rollin’ and Tumblin’” e “Cat’s Squirrel” e músicas próprias também, incluindo um dos primeiros solos de bateria na história do rock, o tour-de-force “Toad”. É o trabalho mais blueseiro e pesado deles, tendo destaque o hit “I Feel Free”, a porrada “N.S.U.” e o raíz “Sleepy Time Time”.
Já em 1967, sai o clássico Disraeli Gears, que alcançou o Top 5 em ambos os continentes. Eu precisaria de um post inteiro para contar detalhes deste álbum, mas o tempo é curto e o prazo também. Daqui saíram 3 maravilhas do mundo moderno: “Strange Brew”, “Tales of Brave Ulysses” e “Sunshine of your Love”. “Strange Brew” é um pop no estilo de “For Your Love” dos Yardbirds (música que foi motivo de saída do Clapton da banda), “Tales of Brave Ulysses” é uma viagem de ácido, e “Sunshine of Your Love” é uma história que começou a ser escrita no amanhecer de um dia na sacada de um hotel (It’s getting near dawn, when lights close their tired eyes). Outro destaque vai pra “Dance the Night Away” e “SWLABR”. Certa vez, perguntado no dvd “Classic Álbuns: Disraeli Gears” sobre essa música, Jack Bruce declarou:
Entrevistador: Qual é o significado dessa música?
Jack Bruce: (...) Drogas.
Ouça e comprove.
Em 1968 o Cream lança o seu álbum mais bem sucedido, o imponente disco duplo Wheels of Fire, primeiro disco de platina (1 milhão de cópias) a receber o certificado da RIAA, (Recording Industry Association of America). O disco 1 contém músicas inéditas, entre elas o sucesso de rádio “White Room” e a porrada “Deserted Cities of the Heart”. Já o disco 2 mostra o Cream ao vivo com uma performance memorável de 16 min de “Spoonful”. Porém, o ano não foi só de alegrias para a banda. Foi em 68 que eles não suportaram mais as pressões e decidiram terminar o que tinham acabado de começar. Bruce e Baker não se agüentavam mais e Eric não mais suportava ser o pacificador de brigas cinematográficas. Além disso, Clapton leu na Rolling Stone uma crítica sobre o Cream, em que o autor o nomeava como o mestre do blues clichê. Isso fez com que ele decidisse acabar com a banda e procurar um novo rumo musical para si (vide Derek and The Dominoes).
Já acabado, o Cream cumpre tabela e lança em 1969 o seu derradeiro trabalho de estúdio com um título que veio bem a calhar: Goodbye. Nada demais, apenas um desfecho póstumo, talvez em grande estilo para os fãs de boas parcerias, pois a faixa “Badge” é autoria de Clapton e do beatle George Harrison. Inclusive, foi o próprio George quem gravou a guitarra base.
Anos e anos depois os rapazes, agora bons senhores ingleses com dentes podres e roupas bem alinhadas, se encontraram em ocasiões especiais que não merecem ser mencionadas. A não ser a reunião do Cream em 2005 que acabou sendo lançado em CD e DVD. Foram shows no Madison Square Garden, em Nova York, e no clássico Royal Albert Hall, em Londres.
Dificilmente alguém vai conseguir fazer o que esses caras fizeram, sinceramente, sou bastante cético quanto a isso. Mas pensando por outro lado, as pessoas deviam falar a mesma coisa quando Mozart morreu, ai surgiu o Rock’n Roll e tudo ficou beleza.
Muito obrigado pelo espaço e espero voltar mais vezes. Enquanto isso devore o Cream sem moderação porque é bom demais.
Abraxoletas, como diria um amigo.
Sugestão de Playlist:
É difícil eleger as 5 melhores do Cream, então eu vou tentar quebrar as regras e mostrar 10 essenciais.
1 – N.S.U.
2 – Sleepy Time Time
3 – Spoonful
4 – Sunshine of Your Love (procure a versão do Live Cream)
5 – Dance the Night Away
6 – We're Going Wrong (destaque especial)
7 – Tales of Brave Ulysses
8 – SWLABR
9 – White Room
10 – Deserted Cities of The Heart (ouça o solo do mestre)
2 comentários:
Bop bop bop
bop bop bobop (I Feel Free)
Bop bop bop
bop bop bobop (I Feel Free)
Mmmmmmmmm Mmmmmmmmmmmmmmmmm
Muuuuuito Bom!
Itão, valeu pela participação uahuahauh
mande mais textos !!!
OBS: Baixem a disco do Cream, pq é mto bom !! Destaque para a já citada Deserted Cities Of The Heart !!!!!
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