quinta-feira, 26 de julho de 2007

Chico e Bethânia

Olá comparsa,
Conforme prometido, sigo confabulando sobre os discos citados num post anterior. Desta vez, Chico Buarque e Maria Bethânia ao Vivo. Belo disco, lançado em 75, no auge da ditadura militar brasileira.

Confesso que nunca manifestei muito interesse por Bethânia. Pra mim, sempre foi a irmã do Caetano, que fazia música de velho. Enorme engano, eu sei. Mas foi assim também com a Gal e a Elis. Nunca me interessei até ouvir, assim, por acidente. Feliz acidente, o dia em que resolvi descolar Chico Buarque e Maria Bethânia ao Vivo da prateleira.

Chico está impossível nesse disco, inflamado pela maneira peculiar como canta a Bethânia. Ela, por sua vez, interpreta Chico e outros compositores, com sua voz vibrando de maneira estonteante e carregada. Ela é foda. O repertório também.

De um lado, Chico desfere clássicos como Gota d’água e Com açúcar, com afeto, entre outros. Bethânia rebate com Camisola do Dia e Foi assim. Chico presenteia Bethânia com a erótica Sem Açúcar (composição dele para a voz dela), e ela agradece cantando Gita como Raul Seixas jamais poderia imaginar. E assim segue o disco, passeando entre o romântico e o libidinoso, numa combinação perfeita.

Sem açúcar, por exemplo, encaixaria-se perfeitamente numa das crônicas de Nelson Rodrigues, enquanto Sonho impossível é uma das poesias mais belas que já vi na vida (veja bem, eu, que não entendo lhufas de poesia). E ainda sobra espaço para você, leitor (a), fazer um solo em Tanto Mar na versão instrumental. O meu ficou ótimo (há!).

Sem maiores rasgações de seda, Chico e Bethânia juntos são excelentes. Esse é um puta disco pra quem gosta de MPB, Bossa Nova e coisas desse gênero. A música é perfeita, e as letras nada deixam a desejar. Vá correndo chupar essa manga, e deixe o seu comentário.
PS: Ainda falta falar de Getz/Gilberto, e pretendo ainda, conforme sugeriu o João, pincelar um pouco sobre Road to escondido, a parceria entre Clapton e J.J Cale.

Abraço!

Sugestão de Playlist:

Chico Buarque e Maria Bethânia – Sem Fantasia
Eric Clapton & J.J Cale – Heads in Georgia
Turbonegro – Back to Dungaree High
Propagandhi – With Friends like These, who the fuck needs COINTELPRO?
Guess Who – American Woman

terça-feira, 17 de julho de 2007

Sobre Deuses e Reis

B.B King é feeling. Ah sim, ele é.

Digno da coroa e do cetro de atual rei, ele é a personificação do heavy weight blues. É a própria história do jovem negro do Mississipi que foi tentar a sorte na cidade grande e acertou o jackpot. Quem nunca ouviu falar deste velho barrigudo cheio de carisma? Há quem diga que ele não é o cara mais rápido nas 6 cordas. Eu concordo. E há quem diga que ele não é tudo isso. Aí eu discordo. B.B King, mais do que apenas tocar guitarra, sente o blues. Ele vive o blues. Ele é o Blues.

Agora, se Riley “Blues Boy” King é o rei, quem é Eric Clapton?

Ora bolas, Clapton é o dínamo, o supra-sumo, o timbre-aveludado do blues e do rock. É a razão da existência dos Dominós, e a apoteose de “While my guitar gently weeps”. Clapton is God (parafraseando a famosa inscrição nos muros de Londres, nos anos 70).

Agora imagine-se sob o torpor de um velho Pub, sentado à uma mesa de madeira, tomando sua quarta dose de whisky e observando, por entre o breu e a fumaça, um par de cachorros velhos tocando um blues de primeira qualidade. Ou ainda, imagine-se sozinho num velho Cadillac conversível a 120 km por hora, com seu chapéu de cowboy manchado e uma bituca de cigarro em sua boca. O seu toca-fitas reproduz um bom boogie enquanto você percorre a auto-estrada esburacada, sentindo o vento na sua cara e o sol do meio-dia queimando o seu antebraço.

Ok, viajei. Mas esse é o clima de “Riding with the King”. É o típico álbum de blues recheado de acordes de piano em sétima, letras melancólicas sobre a mulher que sumiu e solos de guitarra deliciosos, tudo isso sob a luz do Rock. Pra completar, é tocado com maestria pelos dois figurões descritos no início do texto e contempla alguns dos clássicos do blues (a maior parte, de autoria do Rei).

É um álbum cool, para momentos cool, ou seja, para se curtir sozinho, de preferência no seu laboratório pessoal (no meu caso, o meu carro). É pra se prestar atenção nos timbres que Clapton põe sobre a mesa, no compasso marcado lentamente pela bateria, e no canto amargurado de B.B King. Não cabe aqui citar faixa por faixa, uma vez que cada uma traz o seu trunfo, seu segredo.
Não é nenhuma novidade, tampouco vai mudar o mundo. Mas é um bom disco praquelas horas de solidão, de amargura, ou quando se está enjoado daquele som de sempre. Eu gosto, e muito. Por isso, é a pedida da semana. Em breve continuo falando do que prometi. Por enquanto, mergulhe fundo no blues-rock-boogie-introspectivo-highway-torpor-clássico desta pérola que lhe passo, e depois venha me dizer o que achou, seu latino-americano metido a besta!
Download - Eric Clapton & B.B King - Riding with the King

Abraço!

Sugestão de playlist:

B.B King & Eric Clapton - Hold On I'm Coming
George Harrison - Any Road
At The Drive In - One Armed Scissor
Oswaldo Montenegro - Deus lhe pague
Chico Buarque - Ode aos Ratos

terça-feira, 3 de julho de 2007

1, 2, som... 1, 2, som (Vinny style)

Boa tarde.

Apresento-me como Henrique Resek Albernaz. Sou um convidado de meu ilústre amigo Danilo "Peru" Alabarce para adicionar meus pífios dizeres a este blog, que vem se mostrando uma ótimo fonte de boas recomendações musicais.

Primeiramente queria agradecer a força que o Peru está dando para o Mentecapto (faça o download da demo aqui) que é a minha banda. Minha vida inteira eu toquei com esse rapaz, aprendemos muita coisa um com o outro e minha divida será eterna pelo que ele me ensinou.

Cuecas meladas a parte, vamos lá. Quero também deixar aqui registrado a sensação de ouvir o som certo na hora certa. A música deve ser encarada dessa forma, uma trilha para sua vida, indo diretamente de acordo com tudo ao seu redor: cores, luzes, humores, amores, calor, frio. E quanto você está puto com tudo, procurando aquele ítem certo, que se você jogar com força na parede não vai quebrar (nem ele, nem a parede), o que se deve ouvir? Enya? Nem fodendo. Quero que essa fêmea se liqüefaça.

Ouça Pantera. Só isso. Ouça Pantera. E que Dimmebag Darrell esteja ciente de que ele fez bonito.

Sugestão do Playlist:

Pantera - Cemetery Gates
Queens of the Stone Age -(You Think I ain't worth a dollar but I feel like a) Millionaire
The Strokes - Juicebox

Nova Embalagem

Opa!

Como você pode ver, este tablóide virtual agora está de cara nova. Muito mais atraente, visual e com a cara do autor. O conteúdo continua a mesma merda, é claro! Mas esse post aqui é só pra avisar sobre isso, caso você não tenha percebido a mudança. E também pra avisar de antemão alguns assuntos que pretendo tratar aqui:

- Riding with the King - B.B King & Eric Clapton

- Getz / Gilberto - João Gilberto e Stan Getz

- Chico Buarque e Maria Bethânia ao Vivo

Sim, eu estou numa pegada muito mais cool depois de ouvir incansávelmente o Era Vulgaris. E devo dizer: são todos discos excelentes. Você pode baixar alguma coisa deles no emule e depois vir deliberar aqui comigo. E pode comentar sobre o novo layout também. E pode sugerir tópico também. E pode mandar texto também!

abraço!

Sugestão de playlist:

B.B King & Eric Clapton - Help the Poor
Chico Buarque e Maria Bethânia - Sem açúcar
Stan Getz e João Gilberto - O Grande Amor
Mentecapto - Velório (você pode achar no www.myspace.com/mentecapto)
Queens of The Stone Age - Misfit Love