quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Let's Boogie

O que eu tenho em mente pra dividir com o caro leitor é sobre uma banda um pouco desconhecida, e que eu tenho ouvido bastante nos últimos tempos. O Canned Heat.

Em resumo, o Canned Heat é uma banda norte-americana de Blues, que ficou famosa depois de se apresentar em grandes festivais como o Woodstock, Stamping Ground e Monterey. O nome veio de uma música de 1928 que falava sobre um alcoólatra (ou alcoolista, como preferir) que começou a beber Sterno, um combustível mais conhecido como “Canned Heat”. Liderado por dois entusiastas do blues, Alan “Blind Owl” Wilson e Bob “The Bear” Hite, a banda foi longe e chegou a gravar até um álbum duplo com a lenda do estilo, John Lee Hooker.

Biografias a parte, eu quero chamar a atenção para um álbum em especial: Hallelujah, de 1968. Além do blues, o Canned Heat mandava muito no boogie , e nesse disco isso fica muito claro. O álbum começa com Same All Over, uma música animada com um bom fraseado de piano do inicio ao fim. Já em Change My Ways quem canta é Alan Wilson, sua voz é diferente, talvez suave, não sei. Ainda destaco Sic 'em Pigs e Time Was, as duas que viraram singles. Sic (...) tem uma levada interessante, meio fora de tempo e sincronia. Já Time Was tem tudo encaixado e um solo de guitarra com muito feeling! E por último, Down in the gutter, but free, que é uma jam de estúdio onde os músicos trocam de instrumentos.

Track Listing

01 - "Same All Over" (Canned Heat/Henry Vestine) – 2:51
02 - "Change My Ways" (Alan Wilson)
– 2:47
03 - "Canned Heat" (Bob Hite) – 4:22
04 - "Sic 'em Pigs" (Hite/White) – 2:41
05 - "I'm Her Man" (Leigh) – 2:55
06 - "Time Was" (Wilson) – 3:21
07 - "Do Not Enter" (Wilson) – 2:50
08 - "Big Fat (The Fat Man)" (Dave Bartholomew/Fats Domino)
– 1:57
09 - "Huautla " (Wolf) – 3:33
10 - "Get Off My Back" (Wilson) – 5:10
11 - "Down in the Gutter, But Free" (Canned Heat) – 5:37

Download - Canned Heat - Hallelujah (1968)

Recomendo esse álbum pra todo mundo que não conhece a banda e quer ter o primeiro contato. Além dele, sugiro mais dois bons discos, Living Blues, duplo de 1968, e Hooker’n Heat, também duplo de 1970, o qual foi a última gravação junto com Alan Wilson, que morreu meses depois.

Let’s Boogie!

Sugestões de Playlist:

1. Boogie Music – by Canned Heat
2.
Fuckin’ in the Bushes - by Oasis
3. Nuvem Cigana – by Clube da Esquina
4.
Not Guilty – by George Harrison
5. Whipping Post – by The Allman Brothers Band

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Shaved Fish

Hoje não é nenhuma data especial (a não ser o aniversário de Tony Iommi), mas vale a pena relembrar um dos grandes caras que já passou pela terra. Ou melhor, um pouco da obra dele.


Já ouvi muito Beatles, muito George Harrison, e ultimamente, um pouco de Paul McCartney. Contudo, hoje é a vez de citar o idealizador do Quarrymen, aquele conjuntinho que serviu de matéria-prima para o nascimento do Fab-Four. John Lennon, entre outras coisas, foi músico, cantor, compositor, escritor e ativista. Se o seu interesse é meramente biográfico, melhor clicar aqui, já que hoje temos Shaved Fish para o almoço.

Shaved Fish é uma coletânea de singles lançada em 1975. É um ótimo disco para se começar a se embrenhar na carreira solo de Lennon, porque reúne 11 das suas principais composições. Além da capa interessantíssima, o disco traz hits (palavrinha tosca) como Imagine e Give Peace a chance, e outras canções não menos importantes, como Instant Karma!, Power to The People e Mind Games. Não há muito mais o que dizer. Basicamente, é um disco foda, que desperta o interesse daqueles que curtem Beatles, Rock n' Roll, e acima de tudo letras inteligentes.
Curiosidade #1: Assim como Dr. Robert foi escrita após uma viagem de LSD de Lennon, Cold Turkey surgiu sob o efeito de Heroína.
Curiosidade #2: Paul McCartney descaradamente copiou a idéia de fazer um desenho para cada música sua, na coletânea All the Best (Bom também).


Tracklist:

1. Give Peace a Chance
2. Cold Turkey
3. Instant Karma
4. Power to the People
5. Mother
6. Woman is the Nigger of the World
7. Imagine
8. Whatever Gets You Thru the Night
9. Mind Games
10. #9 Dream
11.Medley: Happy Xmas (War Is Over)/Give Peace a Chance (reprise)

Abraço!

Sugestão de Playlist:
1. John Lennon - Cold Turkey
2. Fu Manchu - Laserbl'ast
3. Chico Buarque e Milton Nascimento - Cio da Terra
4. Ben Harper - Alone
5. Janis Joplin - Me and Bobby McGee

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Do lado de cá!

Aproveitando o assunto do texto anterior (postado pelo Ito), aproveito pra mostrar que do lado de cá também temos Jazz e Grooves de qualidade. Basta visitar os lugares certos.


Caso você não tenha nada para fazer numa terça-feira à noite, considere visitar o Berlin. Trata-se de um club/bar na Barra Funda, em SP. Todas terças, eles tem as Jazz Nights, com som ao vivo de diversas bandas bacanas. Por acaso, estive lá ontem e pude apreciar o som do Jeronimus Jam.

Tal qual o outro relato do nosso amigo Ito, eu fui sem muita pretensão ao Club, esperando apenas uma cerveja gelada. O pequeno luminoso com a letra B identificava o local, com uma fachada simplória, lembrando muito um velho puteiro. Ao entrar, me deparei com a decoração Vintage do bar. O papél de parede florido envolvia todo o ambiente, repleto de elementos dignos de brechó, como abajures vermelhos, lustres da década de 60 e sofás velhos e aconchegantes. Lá na pista, a rapeize conversava alto, enchia a cara e curtia o Funkadelic-Latin-Jazz do Jeronimus Jam, que é o que importa nesse post.
A banda contava com 7 integrantes que compunham um conjunto harmonioso de bateria, guitarra, baixo, teclado, percurssão, flauta transversal, trompete e sax (um dos integrantes toca o sax e a flauta). Abriram com a Pantera cor-de-rosa e pouco a pouco foram destilando o seu groove, com participações do DJ da casa, e de convidados, entre eles, outro saxofonista. Quase não havia vocal nas músicas, e na maioria das vezes a guitarra ficava em segundo plano, dando espaço ao pequeno naipe de metais ensandecidos e ao teclado. Pra completar, a percurssa dava o tempero e o baixo vibrava a estrutura da casa.

Resumindo, vale a pena pegar uma terça a noite e visitar o Bar, pra tomar uma cerveja gelada (a preços decentes) e curtir uma sonzeira. Como não tem álbum pra baixar, deixo aqui um vídeo da banda, em uma outra apresentação não menos suingada. Oye como va!



Berlin
Rua Cônego Vicente Miguel Marino, 85, Barra Funda, São Paulo. (11) 3392-4594.
Jazz Nights todas as Terças à partir das 21h, a R$ 5,00.

Abraço!

Sugestão de playlist:

1. Santana - Black Magic Woman
2. Atomic Fireballs - Man with the Hex
3. Benny Goodman - Sing Sing Sing
4. Dave Brubeck Quartet - Take Five
5. Los Hermanos - Paquetá

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Fusion Espanhol

Aloha!

Após uma longa viagem, cá estou eu novamente para dividir com vocês mais algum resquício de informação que o cérebro ainda armazena.


Nesse finalzinho de Dezembro até o fim de Janeiro, eu estive viajando pela Europa com alguns amigos. Passei por diversos lugares, conversei com muitas pessoas, e, principalmente, conheci muitas culturas. Mas uma noite em especial me chamou muito à atenção.

Estávamos em nossa primeira noite em Barcelona, ainda sem saber o que fazer, até que o "Guia da Europa" recomenda: "Harlem Jazz Club, um antigo bar com jazz ao vivo". Opa, o nome é chamativo e a localização é bastante próxima (como ir a pé de uma esquina do Masp até a outra, porém, passando por diversas ruelas bastante charmosas).

Chegamos ao local e pegamos um lugar bem em frente ao palco. Algo ali me chamou a atenção, pois apenas descansavam sobre o palco uma flauta, um violão e um kit misto de bateria e percussão (surdo, caixa, cajon, chimbal e splash). Logo percebi que a apresentação não seria de puro jazz, e sim de um fusion. E foi o que aconteceu, Pepe Camacho, o violonista, e sua banda subiram ao palco e mandaram um jazz fusion de excelente qualidade. Misturaram, entre outras coisas, flamenco e chorinho ao jazz. Mas foi antes da primeira pausa que a banda atingiu o seu clímax e nos mostrou algo inédito até então. O percussionista saiu de seu kit e à frente do palco, acompanhou a base tocada pelos outros músicos fazendo um sapateado flamenco. Nunca tinha visto um negócio desses! Com muita maestria e um toque de feminilidade, o músico dançou tocando com os pés por mais algumas poucas músicas.

Devido ao cansaço, nós tivemos que sair antes do show terminar, mas foi o bastante para perceber que os estilos mais ricos são sempre misturas, e aqueles músicos misturaram com maestria o estilo local com o jazz que todos nós conhecemos.

Recomendo o Harlem para todo mundo que passar por Barcelona. Vale muito a pena! Enquanto eu ainda não consigo o material do Pepe Camacho, ficam como sugestão de playlist algumas músicas de três dos melhores jazzistas do mundo.

Sugestão de Playlist:

1. Miles Davis - Miles Runs the Voodoo Down
2. Miles Davis - Spanish Key
3. Charles Mingus - Haitian Fight Song
4. Charles Mingus - Pithecanthropus Erectus
5. Herbie Hancock - Watermelon Man
6. Herbie Hancock - Cantaloupe Island

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Update #50

Pós-carnaval, e as coisas ainda vão lentas por aqui. Início de ano atribulado, várias idéias não concretizadas e um bloguezinho faminto. É hora de servir um postzinho encorpado.

Nada de mistérios, introduções marotas, ou palavras boas-vindas. Eis o que teremos por essas bandas. De cara, uma impressão de Radiohead - In Rainbows. Depois, outra impressão, de Tommy Guerrero - Return of the Bastard. E no meio de tudo, comentários inadequados. Adiante...

Thom Yorke e seus capangas causaram o maior frisson na mídia quando resolveram lançar In Rainbows virtualmente. Vários artistas já fizeram isso, inclusive mandando aperitivos via myspace ou por meio de alguns leaks intencionais na downloadsfera (neologismo-mo).
Mas a diferença dessa vez foi a transação. O usuário podia entrar no www.inrainbows.com e baixar o álbum inteiro pelo preço que julgasse justo. Fãs inveterados pagaram rios de dinheiro, assim como curiosos pingaram algum trocado, e outros simplesmente baixaram de graça. Tô falando no passado porquê a mamata acabou. Agora só pagando 40 libras num box com disco vinil, CD duplo (com canções inéditas) e livreto com letras e outros badulaques.

Particularmente, achei a estratégia interessante. Deu pra banda arrecadar uma grana, que teóricamente estaria perdida, já que é fácil achar quase qualquer álbum nas entranhas da web. Além disso, serviu pra dar uma atenção maior aos caras, e agora eles podem cobrar 40 dinheiros pelo disco com algumas cerejas à mais no bolo. Óbviamente, teve gente que discordou, "artista" que achou que a banda se desvalorizou (hue hue hue), nego dizendo que foi só uma "jogada de márketi" e tudo mais. Fato é que chamou a atenção e foi legal.

O disco? Ah é. Bom, o disco é legal sim, é bacana. Sempre fui meio descrente com Radiohead. Achava que só Creep prestava, e que depois disso era só loucura-viajante-eletrônica-niilista. Mais uma vez eu me enganei, e mais, fiquei curioso pra conhecer trabalhos mais reconhecidos deles, tipo Kid A e o OK Computer.

O In Rainbows é um disco coeso na minha opinião. Traz várias influências, do Rock, do jazz ao eletrônico, e com um pitaco de Bossa, tudo convergindo pra um som diferenciado. Difícil explicar bem o som dos caras, dada a minha ignorância em relação ao passado da banda. O disco todo parece uma Jam introspectiva, trazendo elementos de orquestra, bastante piano e acordes de violão muito harmônicos. O bacana é ouvir o analógico com toques de eletrônico, e não o inverso. Destaco Bodysnatchers como a música movimentadinha/dançante, ou Jigsaw Falling into place, mais calma, tipo Chill-out. Mas o restante é bom também, e por isso, o download está disponível logo abaixo.


Em relação a Tommy Guerrero, a sugestão foi novamente do Tadashi. Vou apresentar conforme eu vi no Less Talk, More Rock:

"Um skatista resolve partir pra música. Felizmente, esse não é um post do Charlie Brown Jr. Tommy Guerrero, de San Francisco, foi atleta profissional nos anos 80, chegando a ser membro da lendária Bones Brigade".

É bem por aí. Se formos levar em conta o background do cara, podemos ficar com um pé atrás. Mas nada tem a ver com o Cheirão. Aqui, o gringo mete bronca num som mais funkeado, puxado no groove. Além disso, tem uma levada que lembra Hip Hop, sem aquele ranço artificial. É gente de verdade tocando o som. Quase todo instrumental, esse disco sintetiza a filosofia do Skate ao passo que notamos uma boa influência de Dub. Ou seja, o cara vai jogando tudo na panela, fazendo um refogado com um pouco de cada coisa.

O resultado é um som bem original e interessante. Rola um baixo mais atrevido aqui, uma guitarra besuntada de Delay ali, um assobiozinho malandro acolá, e por ai vai. Destaque para Bloodinthemud, Zapata's boot's e Paper Switchblade. Logo abaixo uma prévia do som, e mais embaixo o download, totally free!



Download - Tommy Guerrero - Return of The Bastard (2007)

Finalizando, gostaria de anunciar a todos a campanha que acabou de me ocorrer. Como alguns sabem, sempre achei válida qualquer contribuição para esse espaço e por isso resolvi lançar a campanha Feed this Blog. Se você quer escrever um texto sobre algum som bacana, quer sugerir algum álbum, ou simplesmente que falar de alguma coisa, manda um texto pra gente no 115decibeis@gmail.com. O texto irá passar pelo nosso rigorosíssimo crivo, e poderá ser publicado, com os devidos créditos ao autor.

Parece brincadeira, mas quem quiser mandar textos, saiba que o espaço está aberto e o e-mail realmente ecziste!

Bom, é isso. Pra você que conseguiu ler até aqui, deixo de lambuja uma pequena apostila com uma coletânea de artigos da Internet, sobre equipamentos de Guitarra (amplificadores, pedais e captadores), que pode ser bem útil. Ainda é a versão beta, com erros gramaticais e poucas fotos, mas é bacaninha. Pra baixar, clique aqui.

Abraço!

Sugestão de Playlist:

1. Radiohead - House of Cards

2. Tommy Guerrero - And the Folklore Continues

3. Chico Buarque - Hino de Duran

4. Pearl Jam - Alive

5. NOFX - The Decline