segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

O Carioca

Dia desses, resolvi procurar alguma coisa nova. Estava ávido por uma música diferente, inquieto com os mesmos artistas e bandas, e saturado com as notícias recorrentes da tragédia no metrô que a CBN veiculava. Intrépido, mergulhei de cabeça nas gavetas da minha cômoda, e comecei a vasculhar o invasculhável. No meio da algazarra, me surge um CD. O que eu estava procurando sem saber. Acabei por encontrar o novo no velho. O bom e velho Chico Buarque.
No meio das minhas memorabilias engavetadas, encontrei o Carioca, disco novo do Chico, que por algum motivo eu mal tinha escutado. Talvez por preconceito, depois de ter ouvido tantas críticas , ou por esquecimento mesmo. O fato é que ele estava ali, na hora certa, justamente alguns dias depois de eu ter escutado a Ópera do Malandro em vinil, que dispensa comentários.
Comecei a ouvir Carioca com um pé atrás, e devo dizer: realmente é um disco difícil de se ouvir. É daqueles que se pula algumas faixas, mas não é de todo o mal. Pra falar a verdade, tem algumas coisas bem legais. O grande problema do disco é o passado do seu autor.
Já virou chavão dizer que o Chico é unanimidade e que toda unanimidade é burra. A coisa chegou a tal ponto que as expectativas superam o realizável. Hoje, qualquer coisa menor que "construção", por exemplo, é lixo. As expectativas superaram o realizável, ainda mais depois de anos sem produzir nada. Porra! não é possível compor pérolas a vida toda.
Eu já nasci no tempo em que as pérolas estavam consagradas. Conheço um bom resumo da obra, mas não a sua plenitude. E meu amigo Didi que me corrija se eu estiver errado, mas o Chico já fez outras coisas menos brilhantes.
Apesar das críticas, Carioca é um disco coeso. Não tem nenhuma composição de arregalar os olhos mas também nada para se torcer o nariz. As faixas se relacionam bem. Há, claro, algumas exceções, como "Ode aos ratos", que não se parece com nada do disco, mas é bacana. Mostra o lado "moderninho" do nosso Chico. Há também coisas bonitas como "as atrizes" e "Ela faz cinema". Tanto as melodias quanto as letras são bem elaboradas. Talvez um pouco menos harmônicas, mas sem dúvida interessantes.
É injusto dizer que o Chico perdeu o dom, que não sabe mais fazer música, que seu tempo já passou. Isso, porque niguém que o criticou - eu, inclusive - tem propriedade suficiente para julgá-lo. Carioca pode não ter sido o seu auge, mas definitivamente não é o seu fim.
A turnê do disco acabou em São Paulo, e eu perdi. Mais um show que talvez eu nunca veja na vida, junto com muitos outros, por motivos geográficos ou de óbito. Mas esse não. Besteira minha foi acreditar nos outros. Melhor ouvir antes de falar. Aliás, se eu fosse você, não me escutava e ia logo tirar minhas próprias conclusões.

Abraço!

3 comentários:

Renato Ourinhos Russo disse...

Caro e estimado Peru. Ao contrário do q você diz no primeiro post, logo abaixo, muitos vão ler este blog, sempre por acaso, como é o meu caso... xi... rimou.
Bom, o fato é que ainda não ouvi o cd referido, mas o pretendo em breve, pra tirar, eu mesmo, minhas própiras conclusões.
Abraço, rapaz e keep posting!
Abraço

DiegoFerrite disse...

É Peru, sem dúvidas perdeu um belo show. E se comparado com a maioria do que rola por aqui hoje, até o "Carioca" pode se tornar uma pérola...

Anônimo disse...

Por primeiro, fiquei honrado com a mencao, em segunda sabes que concordo em plena e boa sapiencia sobre o fato de ja ter feito umas cagadas grandes musicais tambem, beijo. to no Peru, amanha comeca a trilha inca