quinta-feira, 24 de abril de 2008

T's, t-t-t's, t-t-t's... Jazz!

Mais um pequeno post que tem muito a acrescentar...

Quando eu penso em uma festa no começo dos anos 70, lotada, regada a muito sexo, drogas e rock'n roll (jazz no caso), com os convidados alucinados e uma pista fervilhando, eu só consigo pensar em uma trilha sonora: Miles Davis, Bitches Brew. Pra quem nunca ouviu falar, essa obra fantástica do mais popular jazzista da história, veio em 1970 e não chegou dando bica na porta, mas jogou uma granada e foi entrando logo atrás pra conferir o estrago.

Um dia após o término do Woodstock, Miles Davis e a sua então nova banda entraram nos estúdios da Columbia Records pra gravar um novo conceito, misturar o rock ao jazz. O disco foi produzido de um modo muito peculiar, o que deu a certeza de que realmente algo novo surgiria, pois o trabalho de aproximadamente 94 minutos foi gravado em apenas três dias e os músicos tinham poucas instruções do que iriam fazer na música. O máximo que recebiam era a informação do compasso, alguns acordes, uma dica sobre a melodia e alguma sugestão sobre o clima e o rumo que a música teria que tomar, ou seja, foi bem na base do improviso mesmo. Se você prestar bastante atenção na música homônima ao disco, dá pra ouvir as instruções de Miles sobre o que fazer ou quem iria solar naquele momento.

A pós-produção do álbum também contribuiu para a qualidade sonora do trabalho, porém uma frase me chamou a atenção: “O produtor Teo Macero talvez foi para Miles Davis o que George Martin foi para os Beatles, pois grande parte do sucesso desse disco se deve às suas artimanhas de edição.” Não concordo. Miles foi soberano nesse disco.

Enfim, curtam o som porque é foda. Já aviso de antemão que é um pouco difícil de escutar no começo, mas depois a coisa flui naturalmente.

Tracklist

Disco 1
Pharaoh’s Dance
Bitches Brew

Disco 2
Spanish Key
John Mclaughlin’
Miles Runs The Voodoo Down
Sanctuary

*A versão em cd ainda traz a música “Feio” como bônus.

Nota: As faixas estão misturadas nos 2 arquivos por motivos de facilidade de upload no 4shared.

Sugestão de Playlist

1 – A Night in Tunisia – Art Blakey and the Jazz Messengers
2 – Alligator Bogaloo – Lou Donaldson
3 – Caravan – Duke Ellington
4 – Spanish Key – Miles Davis
5 – Haitian Fight Song – Charles Mingus

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Funksambalanço

Inicialmente seria um post sobre Desert Sessions, mas uma passada por Bourbon Street mudou meus planos.

São Paulo pode ter trânsito, pode ter violência e pode ser poluída. Mas é também uma das maiores capitais culturais do mundo. Aliás, a antropofagia de que eu falei alguns posts atrás é mais do que concretizada aqui na terra da garoa. Porque se temos um Latin Jazz ou uma Bossa lá na Zona Oeste, caindo pra Zona Sul teremos Soul, Funk e Blues, assim como nas outras regiões temos outras variedades.

O Bourbon Street é figurinha marcada no calendário cultural Paulista. Já foi palco de shows de Ray Charles, B.B King, e semanalmente traz novas pérolas à tona. Não é a tôa que o Music Club é tão cultuado. Não só pelo som, mas pelo ambiente em si. Chopeiras em forma de Sax, o balcão coberto por teclas de piano e o altar que abriga umas das Lucilles do grande Riley B. King dão o clima ao Bar, pontuado por mesas no meio de uma réplica da Bourbon Street de New Orleans.
Ontem estive lá pela primeira vez, e pude ouvir uma Jam entre dois grandes músicos que não conhecia: Zé Ricardo e Victor Brooks. O primeiro, carioca, faz um som funkeado, tem influências diversas e é relativamente conhecido no meio musical (mas eu não conhecia). Já Victor Brooks veio de L.A para cá para fazer essa Jam pelo 5º ano consecutivo no Bourbon, e trouxe na bagagem seu tempero Soul. Conheceram-se em 1998 nos EUA, e de lá pra cá gravaram e compuseram juntos diversas vezes.
No repertório, a influência pesada de Marvin Gaye combinada ao Sambalanço e a temas brasileiros (de Tim Maia a Dominguinhos). Na mistura entra também um Funkeado forte que caracteriza a banda e o próprio Zé Ricardo. Já Victor Brooks se encarrega de deixar o público estupefato com sua potência de voz e sua brasilidade com sotaque. Já na cozinha, fazendo o suporte, nada além de teclados, bateria, baixo e guitarra. Acredite ou não, por ficar em segundo plano, a guitarra chama muita atenção, assim como o suíngue inigualável do baixista. Gostaria muito de fazer as honras aos músicos, mas sinceramente não me lembro dos seus nomes e não acho por nada na Internet (sim, Google falhou).
Enfim, apesar dos pesares, São Paulo é foda por isso. A diversidade cultural sem precedentes é talvez o que mais prende as pessoas à metrópole. Prova disso é a Virada Cultural que vem ai (26/27 de Abril). E Victor Brooks e Zé Ricardo marcarão presença. Mas pra quem não puder ir, a Jam dos dois mestres fica em cartaz no Bourbon Street Music Club de 22/04 a 03/05. Vale a pena conferir e pedir o Chopp gigante do Bar.

Fico por aqui, e prometo trazer Desert Sessions em breve. Os downloads já estão lá na HD virtual e você pode baixar pra depois vir aqui concordar ou não com a minha opinião.

Fica a dica, amigos.

Abraço!


Sugestão de Playlist:

1. Marvin Gaye - Let's Get it on
2. Pearl Jam - Corduroy
3. Desert Sessions - The Gosso King of Crater Lake
4. The Beatles - Flying
5. Mutantes - Tudo foi Feito pelo Sol

quarta-feira, 9 de abril de 2008

They're an American Band

Apesar de poucas palavras, este post tem muito a acrescentar.


Quando se fala em Classic Rock, frequentemente bandas como Pink Floyd, Beatles, Doors, Rolling Stones, Led Zeppelin, Yes, Deep Purple, Cream, entre muitas outras, são citadas. A despeito das grandes diferenças entre esses sons, a classificação é válida. Entretanto, muitas vezes uma banda fica esquecida entre esses dinossauros. Trata-se do Grand Funk Railroad.

Oriundo de Flint, Michigan, EUA, esse power-trio iniciou suas atividades por volta de 1969, sob o nome de Terry Knight & The Pack (ainda não eram um power-trio nessa época). Naquele ano, o indivíduo responsável pelo prefixo do The Pack, tornou-se empresário e faz-tudo do então recém nascido Grand Funk Railroad. Numa época de grandes festivais de música, o astuto manager arrumou uma ponta para a banda no 1969 Atlanta Pop Festival, que contava com atrações do porte de Janis Joplin, Johnny Winter, Johnny Rivers, Canned Heat, Creedence Clearwater Revival, Led Zeppelin e até Dave Brubeck. Em um show para cerca de 100 mil pessoas (há controvérsias quanto ao número exato, variando para mais e para menos), a banda ganhou notoriedade e assinou um contrato.

Naquele mesmo ano (1969 foi bem movimentado), saia o Debut-album do Grand Funk: On Time. Disco coeso, com um pé no blues e outro no Rock, a banda se tornou bastante popular, apesar dos duros golpes que recebia por parte da crítica especializada, justamente por conta da sua postura "populista". Mesmo assim, devo dizer que é um disco bem bacana, apesar de cru. Mark Farner dá conta dos vocais e guitarras, com auxílio de Don Brewer também na bateria e vocais, e Mel Shacher no baixo. Destaque para o maior hit do disco, Heartbreaker, e alguns outros trunfos, como Are you Ready? e High on a Horse.

- Nota 9 do Autor.

Daqui em diante, larguemos a biografia. Pretendo comentar sobre mais dois discos que conheço.

Cronológicamente, o próximo é o Closer to Home (devo lembrar que há o Grand Funk entre eles). Disco bacana também, mais maduro, e traz a primeira música que ouvi deles: I'm Your Captain (Closer to Home). Destaque também para a faixa de abertura Sin's a Good Man's Brother, com vocais potentes e riffs de guitarra poderosos, que aliás, permeiam todo o disco.

- Nota 8,5 do autor.

Em 1973, a banda lança o disco que contém o seu maior hit. We're an American band é o nome do álbum e da faixa. Apesar do ufanismo babaca, é um som bem estimulante, principalmente por conta do irresistível cowbell (sempre funciona!). O restante do disco também vale a pena, ainda mais pelo vocal mais rasgado de Don Brewer em algumas das faixas.

- Nota 9 do autor.

Enfim, o Grand Funk Railroad é uma banda bacana que não merece ser esquecida. Não conheço a totalidade da obra, mas tenho boas referências. Devo admitir que não é a mais original das bandas de Classic Rock e que, sim, há um ranço de Wannabe em relação ao Cream. Mesmo assim vale a pena aguçar os ouvidos para esta banda, ao contrário do que fez a crítica americana no tempo em que a banda existiu (*1969 + 1983). Para tanto, ofereço-lhe, paciente leitor, os downloads dos três discos aqui citados.




Sem mais, recolho-me.

Abraço!

Sugestão de Playlist:

1. Grand Funk Railroad - High on a Horse
2. Grand Funk Railroad - Sin's a good man's Brother
3. Grand Funk Railroad - We're an american band (dá-lhe Cowbell)
4. Fu Manchu - Urethane (dê-me mais Cowbell)
5. Queens of the Stone Age - Little Sister (esbanjando Cowbell)