quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

No Subject, again

Saudações Pós-Natalinas,
Após um considerável período sem postar, volto sem assunto, mas com promessas. Como era de se esperar, nossa enquete foi um fiasco. Arrecadando impressionantes 3 votos, conseguimos um empate entre Beatles, Clapton e Blues. Sendo assim, nada de presente de natal atrasado.
Mas nos próximos dias a coisa deve melhorar. Este que vos escreve recebeu de presente "1001 discos para ouvir antes de morrer" e com certeza boa parte deles vai estar disponível no próximo ano por aqui, além daqueles que já estão na nossa HD.
E é isso. Lembrando que a promessa do post anterior está de pé! Está tarde e eu vou aproveitar o que me resta de férias com coisas melhores do que escrever para 4 pessoas lerem. Fique a vontade para esculachar. E nunca, mas nunca mesmo, compre nada na FNAC. Os caras tão de ácido!
Abraxas!
Sugestão de Playlist:
1. John Frusciante - Carvel
2. Janis Joplin - Bobby McGee
3. Beastie Boys - Off the Grid
4. Tim Maia - O Caminho do Bem
5. Chico Buarque - Cala a boca, Bárbara.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Planejamento de Ações

Como era de se esperar, o Blog tem tomado formas diferentes ao longo do tempo. É natural que isso ocorra, uma vez que todos nós temos fases musicais. Acredito que hoje estou revisitando uma dessas fases, pela qual costumo passar com alguma frequência. Tenho certeza que o Classic Rock foi o responsável pela ampliação dos meus horizontes. O contato com Floyd, Beatles, etc, foi o que me fez descobrir que gosto pra cacete de música, e incentivou a minha busca por novos sons. Acho muito válido, portanto, revisitar os grandes clássicos por aqui, mostrando muita coisa boa a quem não conhece, ou relembrando com quem sempre curtiu.

Nas próximas semanas, com alguma ajuda, pretendo publicar mais sobre bandas boas que ainda não passaram por aqui, ou que tenham passado despercebidas. Falo de Led Zeppelin, Rolling Stones, Creedence Clearwater Revival, Deep Purple, Santana, The Who, The Doors, e também de algumas que já tratamos aqui com menor profundidade (Beatles, Yes, Pink Floyd, etc.). Além disso, seguindo a idéia de 2 compadres, vamos falar um pouco sobre a importância BBC para o Rock, naquela época em que boas bandas participavam de programas e documentavam valiosos materiais fonográficos, normalmente batizados de BBC Sessions.

Isso tudo com certeza contribuirá para engordar a nossa HD 115 dB, e ajudará a democratizar a cultura via Web. Espero que apreciem, sem moderação

Um Abraço!

Sugestão de Playlist:

1. Rolling Stones - Gimme Shelter
2. Cream - Sunshine of Your Love
3. The Doors - Maggie M'gill
4. Yes - Heart of the Sunrise
5. Bachman Turner Overdrive - Takin' Care of Business

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Parte II - A Nata do Blues Britânico

Segue agora a segunda parte da história do Blues Britânico. Eu particularmente gosto muito dessas trajetórias, histórias, etc, então agradeço novamente ao Ito pela força. Destaco ainda a música I Feel Free pra vocês ouvirem. Melhorou, e muito, o meu dia. Sem mais.

Texto escrito por João Victor Andery

Voltei, e voltei com o creme (que não é Victoria’s Secret).

A história se passa após um show dos Bluesbreakers dentro de um carro Rover (não o show, a história), quando o baterista do Graham Bond Organization, Ginger Baker, dava uma carona de volta a Londres para Eric Clapton. Conversa vai, papo vem, e Baker menciona os problemas de Bond com as drogas e a sua vontade de sair e começar uma nova banda. Coincidentemente, olhem que genial, Clapton pensava a mesma coisa! Mais conversa vai, mais conversa vem, e, finalmente, Baker convida Clapton para se juntar à banda. Obviamente, Eric aceita, mas com uma condição: Baker teria que contratar Jack Bruce para tocar baixo.


Na época, e talvez até hoje, Jack e Ginger não se gostavam tanto quanto Waters não gosta do Gilmour. Dizem as más línguas que, certa vez quando ainda tocavam juntos com o Graham Bond, Ginger chegou a ameaçar Jack com uma faca. As diferenças eram tantas, que um sabotava o instrumento do outro e por muitas vezes iam às vias de fato ali mesmo em cima do palco em frente a toda a platéia. Seria aquele o último encontro de dois monstros do hard-rock-psichedelic-jazz-blues (HRPJB)? Talvez não. A não ser que o legítimo Jack tenha morrido em um acidente automobilístico e tenha sido trocado por um sósia chamado Billy. Mas a verdade é que, após uma reconciliação (não cabe a nós julgarmos se foi sincera ou não), Eric, Jack e Ginger entraram em estúdio.

A mídia ficou sabendo, e logo em seguida o furor tomou conta da multidão. Todos à espera de um milagre, afinal, eram três mestres plugados juntos a uma mesa de som. Os três chamam a banda de Cream pois eles já eram considerados “a nata” dentre os músicos de jazz e blues da Grã-Bretanha. Um fato curioso, ainda em 1966, um ilustre fã de Eric Clapton convida o Cream para tocar no mesmo festival em que ele tocaria, só pra ter a chance de fazer uma jam junto com o mestre. Esse fã era ninguém mais, ninguém menos que Jimi Hendrix.

Ainda em 1966, o Cream lança seu debut, Fresh Cream que alcançou o 6º lugar nas paradas britânicas e o 39º nos EUA. Mas isso são só números, e para nós, o que importa é o conteúdo. O álbum tem aproximadamente 12 faixas (varia de país em país), com alguns Standards do blues como “Spoonful”, “Rollin’ and Tumblin’” e “Cat’s Squirrel” e músicas próprias também, incluindo um dos primeiros solos de bateria na história do rock, o tour-de-force “Toad”. É o trabalho mais blueseiro e pesado deles, tendo destaque o hit “I Feel Free”, a porrada “N.S.U.” e o raíz “Sleepy Time Time”.

Já em 1967, sai o clássico Disraeli Gears, que alcançou o Top 5 em ambos os continentes. Eu precisaria de um post inteiro para contar detalhes deste álbum, mas o tempo é curto e o prazo também. Daqui saíram 3 maravilhas do mundo moderno: “Strange Brew”, “Tales of Brave Ulysses” e “Sunshine of your Love”. “Strange Brew” é um pop no estilo de “For Your Love” dos Yardbirds (música que foi motivo de saída do Clapton da banda), “Tales of Brave Ulysses” é uma viagem de ácido, e “Sunshine of Your Love” é uma história que começou a ser escrita no amanhecer de um dia na sacada de um hotel (It’s getting near dawn, when lights close their tired eyes). Outro destaque vai pra “Dance the Night Away” e “SWLABR”. Certa vez, perguntado no dvd “Classic Álbuns: Disraeli Gears” sobre essa música, Jack Bruce declarou:

Entrevistador: Qual é o significado dessa música?
Jack Bruce: (...) Drogas.

Ouça e comprove.

Em 1968 o Cream lança o seu álbum mais bem sucedido, o imponente disco duplo Wheels of Fire, primeiro disco de platina (1 milhão de cópias) a receber o certificado da RIAA, (Recording Industry Association of America). O disco 1 contém músicas inéditas, entre elas o sucesso de rádio “White Room” e a porrada “Deserted Cities of the Heart”. Já o disco 2 mostra o Cream ao vivo com uma performance memorável de 16 min de “Spoonful”. Porém, o ano não foi só de alegrias para a banda. Foi em 68 que eles não suportaram mais as pressões e decidiram terminar o que tinham acabado de começar. Bruce e Baker não se agüentavam mais e Eric não mais suportava ser o pacificador de brigas cinematográficas. Além disso, Clapton leu na Rolling Stone uma crítica sobre o Cream, em que o autor o nomeava como o mestre do blues clichê. Isso fez com que ele decidisse acabar com a banda e procurar um novo rumo musical para si (vide Derek and The Dominoes).

Já acabado, o Cream cumpre tabela e lança em 1969 o seu derradeiro trabalho de estúdio com um título que veio bem a calhar: Goodbye. Nada demais, apenas um desfecho póstumo, talvez em grande estilo para os fãs de boas parcerias, pois a faixa “Badge” é autoria de Clapton e do beatle George Harrison. Inclusive, foi o próprio George quem gravou a guitarra base.

Anos e anos depois os rapazes, agora bons senhores ingleses com dentes podres e roupas bem alinhadas, se encontraram em ocasiões especiais que não merecem ser mencionadas. A não ser a reunião do Cream em 2005 que acabou sendo lançado em CD e DVD. Foram shows no Madison Square Garden, em Nova York, e no clássico Royal Albert Hall, em Londres.

Dificilmente alguém vai conseguir fazer o que esses caras fizeram, sinceramente, sou bastante cético quanto a isso. Mas pensando por outro lado, as pessoas deviam falar a mesma coisa quando Mozart morreu, ai surgiu o Rock’n Roll e tudo ficou beleza.

Muito obrigado pelo espaço e espero voltar mais vezes. Enquanto isso devore o Cream sem moderação porque é bom demais.

Abraxoletas, como diria um amigo.


Download - (1969) Goodbye

Sugestão de Playlist:

É difícil eleger as 5 melhores do Cream, então eu vou tentar quebrar as regras e mostrar 10 essenciais.

1 – N.S.U.
2 – Sleepy Time Time
3 – Spoonful
4 – Sunshine of Your Love (procure a versão do Live Cream)
5 – Dance the Night Away
6 – We're Going Wrong (destaque especial)
7 – Tales of Brave Ulysses
8 – SWLABR
9 – White Room
10 – Deserted Cities of The Heart (ouça o solo do mestre)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Parte I - As Raízes do Blues Britânico

O próximo Texto é de autoria de João Victor Andery (Ito). Fico feliz em perceber que esse blog tem servido para estimular o interesse pela música, pela leitura e pela escrita, mesmo que para uma minoria. A idéia é essa mesmo. Sem mais delongas, segue o texto.

Na velha Londres da década de 60 uma nova geração de músicos floresceu. Vieram os Beatles, os Stones, The Who, Pink Floyd e etc. Eis que dessa geração saem algumas peças fundamentais para o surgimento do Blues fora da América. Tudo (e quando eu digo tudo, é tudo mesmo) começou com Alexis Korner, conhecido como "O pai do Blues britânico", e a sua banda, a Blues Incorporated, que inicialmente tocava R&B *. O sucesso da banda era tamanho, que eles faziam shows com Muddy Waters e recebiam fãs como Mick Jagger, Keith Richards, Brian Jones, Rod Stewart, John Mayall e Jimmy Page.

Pelo Blues Incorporated, já passaram diversas figuras notáveis do meio musical, como Charlie Watts (baterista dos Stones), Jack Bruce e Ginger Baker (baixista e baterista do Cream, respectivamente), e Graham Bond **, (organista, saxofonista e vocalista do Graham Bond Organization). Vale lembrar que Bond foi um dos primeiros músicos (quiçá o primeiro) a combinar o órgão Hammond aos amplificadores Leslie (equipamento básico de Jon Lord no Deep Purple), e hoje é também conhecido como o co-criador do Blues britânico.

Fora o Blues Incorporated e o Graham Bond Organization, mais uma banda forma a Tríplice-Coroa-dos-Pais-do-Blues-Britânico (TCPBB): o John Mayall and The Bluesbreakers, na minha modesta opinião, a mais importante delas. Faziam o som melhor trabalhado e sem dúvida terminaram de definir o Blues por lá. Eric Clapton passou pelos Bluesbreakers e com eles gravou um disco de título criativo: “Eric Clapton with The Bluesbreakers”. Foi nessa época que começaram a aparecer as inscrições “Clapton is God” nos metrôs de Londres. Além do ótimo som, os Bluesbreakers de John Mayall ficaram famosos por dar origem a outras bandas.

- Então espera ai. Pensando dessa forma, o cenário Blueseiro na Inglaterra era uma verdadeira putaria! Um dava raízes ao outro, que dava origem a mais um, e assim em diante.

Exato. Alexis Korner originou os Stones e o Graham Bond Organization. O Graham Bond deu origem ao Cream. E o John Mayall and The Bluesbreakers por sua vez deu origem ao Fleetwood Mac ** (na época de Peter Green, quando eles faziam um Blues roots), integrou Mick Taylor (não é o Jagger) nos Rolling Stones e Eric Clapton no Cream.

E é aqui onde eu queria chegar, no Creme do Blues, com os músicos mais requisitados da época, o primeiro Power Trio da história. Jack Bruce, Ginger Baker e Eric Clapton, o Cream. Mas essa é outra história, que fica pra mais tarde. Já tomei em demasia o tempo do leitor.

Obrigado e até a próxima.

Notas:

* O R&B era o estilo dominante da época. O The Who e os Stones no início eram R&B (Rhythm and Blues).

** Particularmente, Graham Bond era uma cara estranho. Viciado em heroína por algum tempo, largou as drogas e começou a se envolver com o ocultismo, chegando até a achar que era filho do próprio Aleister Crowley. Acabou suicida debaixo das rodas de um trem.

*** O Fleetwood Mac já foi bom um dia. No seu início, antes de Stevie Nicks e cia. entrarem para a banda, eram Peter Green e John McVie quem ditavam as regras. E a regra era o Blues.

**** Rod Stewart também já foi boa gente e gravou um disco Blueseiro com o Jeff Beck.
Texto por: João Victor Andery

Sugestão de Playlist:

1. John Mayall and the Bluesbreakers (With Eric Clapton) – Steppin’ Out
2. John Mayall and the Bluesbreakers (With Eric Clapton) - All Your Love
3. Graham Bond Organization - Wade in the Water
4. Graham Bond Organization - Big Boss Man

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Presente de Natal

Olá amigos, estou de volta após longa pausa.

E dessa vez, trazendo um presente de natal especial! Trata-se da discografia de uma das minhas bandas favoritas, o CKY ("Camp Kill Yourself"). Se após ler esse nome, você estiver procurando um rótulo para o som, já se perdeu no caminho. O som do CKY é diferente! Tem uma pegada rock mas ao mesmo tempo um estilo próprio, riffs de guitarra maravilhosos e letras que ficam na cabeça por muito tempo.

Essa banda pouco (ou nada) conhecida aqui no Brasil, começou a ganhar popularidade com a aparição da musica 96 Quite Bitter Beings no jogo Tony Hawk's Pro Skater 3. Depois do sucesso, assinaram com a gravadora Island (o primeiro cd, Volume 1 foi lançado independente) e lançaram o "Dark Side" deles, Infiltrate.Destroy.Rebuild.

Com dois singles no rádio e mais duas musicas em filmes (em Resident Evil 2 toca Escape From Hellview e em Jackass-O Filme toca Flesh Into Gear), o CKY entrou novamente em turnê (agora com um novo baixista) e em 2005 lançou seu mais recente trabalho, An Answer Can Be Found.

Para quem, como eu, é fã de carteirinha, uma boa noticia, o novo álbum está previsto pra ser lançado entre março e abril de 2008.

Aguardarei ansioso!

Abraço do titio.

Download - CKY - Volume 1 (1999)

Download - CKY - Infiltrate.Destroy.Rebuild (2002)

Download - CKY - An Answer Can Be Found (2005)

Sugestão de Playlist:

1. CKY - Escape From Hellview
2. Turbonegro - Get It On
3. H.I.M. - Venus Doom
4. Clutch - Hoodoo Operator
5. Daniel Lioneye - Lonely Road

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

The Quiet One

É incomum, ou até inédito, postar 2 dias seguidos por aqui, mas a ocasião pede.
Hoje, 29 de novembro de 2007, completam-se 6 anos da morte de George Harrison. Paciente de câncer, Harrison lutou desde a década de 90 contra a doença, que se iniciou nos pulmões a atingiu seu cérebro. Ciente de sua condição, decidiu passar seus últimos dias ao lado da família, trabalhando em projetos pessoais, até falecer aos 58 anos de idade.
Foi conhecido como o Quiet Beatle, ou como ele próprio cita em uma de suas músicas, The Mystical One, pela sua personalidade introspectiva diante do público. Contudo, pessoalmente era muito mais falante e ativo. Foi um grande amigo de Eric Clapton e Tom Petty, com quem trabalhou no Traveling Wilburys. Além de um compositor excepcional, George sabia tocar 26 instrumentos musicais diferentes, entre eles guitarra, ukelele, sitar e piano.
Em 1958, à convite de Paul McCartney, George ingressava na banda Quarrymen, que já contava com John Lennon na guitarra. Surgia ali o embrião dos Beatles. A história é bastante conhecida, portanto, não cabe aqui recontá-la. O fato é que, ao longo dos anos, George ganharia uma tremenda importância na banda, contribuindo ativamente com composições cada vez mais frequentes, como Something, While My Guitar gently Weeps, Piggies, Taxman, entre outras. Entretanto, o volume de composições de Lennon e McCartney sempre limitava a participação das canções de Harrison nos álbuns da banda, tanto que, no mesmo ano em que os Beatles se separaram (1970), George lançou um trabalho solo triplo, intitulado All Things Must Pass.
Ainda nos Beatles, George conheceu o trabalho do músico Ravi Shankar, e começou a ter maior contato com a cultura indiana. Em 1966, numa viagem ao país, conheceu Maharishi Mahesh Yogi e pouco depois se tornou Hare Krishna.
Em 1971, George organizou o primeiro concerto humanitário, em prol dos refugiados de Bangladesh. Concert for Bangladesh teve a participação de Ringo Starr, Eric Clapton, Bob Dylan, Ravi Shankar, entre outros. Dois anos depois, lançava seu segundo trabalho solo, Living in a Material World, que inclui a conhecida Gimme Love (Gimme Peace on Earth).
No ano de 75, Harrison rompia com a Apple Records, para em 76 inaugurar o seu próprio selo, a Dark Horse records, que perdurou até 2002, com o lançamento do seu álbum póstumo Brainwashed. Além de ter lançado 16 álbuns solos (contando o Brainwashed) e 2 trabalhos com o Traveling Wilburys, Harrison escreveu o livro I, Me, Mine, que narra sua história pessoal nos Beatles, além de tratar sobre seus hobbies, entre eles, a formula 1. Inclusive, George foi amigo do piloto Emerson Fittipaldi.
Em 1999, George sofreria um atentado em sua própria casa. Um intruso, chamado Michael Abram invadiu sua residência e o esfaqueou. Dois anos depois, já debilitado e pouco antes de falecer, Harrison participou ao lado de Jim Capaldi da regravação da música Anna Julia, do Los Hermanos.
Apesar de sua morte, a lembrança de Harrison permanece. A homenagem não só é justo, como inevitável, sobretudo, pela sua contribuição à humanidade. Sem George Harrison, os Beatles não seriam os mesmos, nem a própria música. Assim sendo, fica aqui minha homenagem singela a um dos caras que eu mais admiro.
E como presente, deixo a vocês o Live in Japan, gravado em 1999, em turnê pelo país. Pessoalmente, é um dos meus favoritos, pois inclui grandes versões de músicas compostas nos Beatles e em sua carreira solo. De quebra, ainda tem a participação de Eric Clapton na guitarra. Um puta disco que eu recomendo a todos, inclusive ao meu pior inimigo.
Abraço a todos, e salve George Harrison!

Sugestão de Playlist:

1. George Harrison - Cloud 9

2. George Harrison - Cockamamie Business

3. Beatles - While My Guitar Gently Weeps

4. Beatles - Piggies

5. George Harrison - Bangladesh

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Dois Brasileiros

O bom amigo Vini me passou uma pérola que até outro dia, estava escondida, pelo menos para mim. Me perguntou se eu curtia Ney Matogrosso, e eu respondi que conhecia pouco. Já ouvi uma coisa daquele álbum dele com o Pedro Luís e A parede, mais a sua versão de menino do Rio. E só.

- Cara, ouve um disco dele que se chama "Um Brasileiro".

- É bom?
- O disco todo são regravações de músicas do Chico. Quer que eu te passe?
- Nossa, demorou.

Não foi exatamente assim o diálogo, mas o que importa é que o álbum veio parar em minhas mãos. Só que ficou algum tempo esquecido na HD, já que veio num formato estranho que não era gravável em CD. Depois de algum tempo reorganizando minhas músicas, me deparei com "Um Brasileiro". E ai?

Aí o bicho pegou, porque o disco é muito foda. Ney Matogrosso escolheu a dedo um repertório impecável. De Construção a Não existe pecado ao sul do Equador, o cantor percorre grandes momentos do nosso poeta, sem perder o gingado. Claro que as versões são à moda de Ney, e esse que é o tempero da Baiana. O álbum é original e ao mesmo tempo fiel à obra. Inclusive, Chico faz participação em Até o Fim, com a sua voz fanha e "Chinfrim". Destaque ainda para a versão de A banda, e de Corrente.

Se a proposta é boa, o disco é melhor ainda. Eu poderia escrever mil linhas, que nenhuma descrição seria melhor que o próprio disco. Deixo as palavras para Chico, e passo a bola para o Ney. Ou melhor, pra você.

Download Ney Matogrosso – Um Brasileiro (1996)

  1. Construção
  2. Moto-contínuo
  3. Cala a Boca, Bárbara
  4. Mil Perdões
  5. Valsinha
  6. Minha História (Gesubambino)
  7. Soneto
  8. Roda Viva
  9. Corrente
  10. Bom Conselho
  11. Partido Alto
  12. Homenagem ao Malandro
  13. Até o Fim
  14. Almanaque
  15. Acalanto Para Helena
  16. A Banda
  17. Não Existe Pecado ao Sul do Equador

Abraço!

Sugestão de Playlist:

  1. Ney Matogrosso – Cala a Boca, Bárbara
  2. Beatles – I Want You (She's so Heavy)
  3. Radiohead – Creep
  4. Chico Buarque – Homenagem ao Malandro
  5. Led Zeppelin - What Is and What Should Never Be

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Clapton & Cale

Long time no see!

Em São Paulo, feriado monstro para alguns. Mas tudo normal hoje, exceto pela cara de segunda-feira. Porquê às vezes os dias tem cara de outros dias? Qual seria a forma correta do Porquê na sentença anterior? Porquê eu estou indagativo hoje?

Ok. Linguiças já inchadas, vamos ao assunto.

Eric Clapton vira e mexe faz algumas parcerias. Já citei aqui o álbum que ele gravou com o velho Riley B. King. E prometi há algum tempo escrever sobre a empreitada dele com Jean Jacques Cale, sugestão do Johnny. A coisa foi sendo empurrada com a barriga até hoje, e eu preciso me livrar desse encosto, antes que ele me consuma. Aproveitando que eu tenho pouco, ou quase nada pra tratar aqui (apesar da última onda de sugestões, que eu ainda não assimilei), segue abaixo um pequeno review sobre o trabalho citado acima.

The Road to Escondido é o nome do álbum, lançado em 7 de novembro de 2006.
Historinha:

"Eric Clapton organiza em 2004 o Crossroads Guitar Festival, um festival de 3 dias de shows em Dallas, com a participação de diversos bluesmen, entre eles, J.J Cale. Clapton, desde cedo influenciado pelo homem, decide convidá-lo para produzir seu próximo trabalho. O clima é bom, os rapazes se dão bem, tuuuudo é uma maravilha. Então Cale passa de produtor a co-autor, e eles gravam The Road to Escondido, em referência à cidade de natal de J.J Cale, Valley Center, que fica próxima a Escondido."

Bom, tratando-se do homem que influenciou Clapton, Cale só poderia acrescentar mais ao álbum. E foi o que aconteceu. Além do blues, do rock e dos timbres aveludados já característicos do Slowhand, J.J adicionou à mistura um pouco de folk, country e desacelerou as cadências do Blues. O resultado é um álbum suave, inteligente, e cheio de detalhes. Mas nem por isso, o disco perde sua empolgação.

Entre as faixas, pianos serelepes, guitarras complementares, vozes sussurradas, e batidas que remetem ao Bluegrass. Destaque para Heads in Georgia, Don't Cry Sister, Sporting Life Blues e Hard to Thrill. E não tem muito mais o que falar. Disco bom e bem produzido, para se ouvir no calor da introspecção, ou ainda, na estrada. De preferência, rumo a Escondido.


Abraço!


Sugestão de Playlist:

1. Eric Clapton & J.J Cale - Hard to Thrill
2. David Lee Roth - Just a Gigolo
3. Social Distortion - Don't Drag Me Down
4. Bob Geldof - I Don't Like Mondays
5. Cidadão Instigado - O verdadeiro conceito de um preconceito

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Quando o grave bate no peito.

Pink Floyd é uma puta referência musical, e isso é fato. Não só por ter influênciado grandes bandas e até mesmo o Falcão (vide Atirei o pau no gato), mas por ter se consolidado como uma vanguardista, tendo inclusive inventado toda essa história de sincronizar filmes com álbuns. Já ouviu falar em Dark side of the Rainbow, a famosa sincronia de Dark Side of The Moon com O Mágico de Oz?


Não é a toa que, vira e mexe, lançam tributos à banda, versões de álbuns, etc. Já teve versão Country do The Wall, versões clássicas feitas por um quarteto de cordas, entre outras. Mas entre essas versões, destaco uma em especial, que é uma verdadeira pedrada, no bom sentido da palavra.

Em 2003, o Easy Star All Stars, banda Nova-Iorquina de Reggae e Dub, lançava seu primeiro trabalho, The Dub Side of The Moon, que como o próprio nome diz, é a versão Dub do Dark Side of The Moon. Mas engana-se quem acha que é apenas um bando de músicas cantadas por um vocalista com sotaque Jamaicano, com acordes simples de guitarra e cheiro ce Cânhamo. Dub Side of The Moon é, na minha humilde opinião, o melhor e mais original tributo ao Pink Floyd. Isso porque presta a homenagem sem descaracterizar o som, e ao mesmo tempo, sem parecer mais um coverzinho.

Já de início dá pra sentir a pegada do álbum, abrindo com Speak to Me / Breathe. O disco vai seguindo e, a cada música, a batida entra mais na cabeça e o baixo grave bate no peito. Isso sem contar todo o resto da melodia mergulhada no reverb, e os efeitinhos Rasta-Lisérgicos clássicos do Dub.

Pra completar, o disco vem ainda com 4 faixas bônus e um guia de "como sincronizar o Mágico de Oz com o Dark Side of The Moon". E eu posso atestar que tal sincronia é verdadeira. Pode ficar encafifado (a). Óbviamente, o guia não faz parte do nosso download, mas o resto do pacote é certeza. Satisfação garantida, ou mais um download grátis pra você.

Se até agora você ainda está meio incrédulo, veja o vídeo abaixo pra sentir qual é a do Álbum. A música é Breathe.



Curtiu? Então aproveite pra baixar aqui o som:

Easy Star All Stars - The Dub Side of The Moon

E é isso ai, irmão. Esse é o meu Testemunho. Declaro que o referido é verdade e dou fé.

São Paulo, 13 de novembro de 2007.

Abraço!

Sugestão de Playlist:

1. Easy Star All Stars - Step it pon the Rastaman Scene

2. Muse - Apocalipse Please

3. Janis Joplin - Move Over

4. Toquinho e Vinícius - A Tonga da Mironga do Kabuletê

5. Rage Against The Machine - Renegades of Funk

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Leitura Recomendada

É rapidinho eu prometo.

Só pra não deixar desnutrido esse Blog, vou mandar um post-aperitivo. Dessa vez, para os olhos e não para os ouvidos. Acontece que a meu projeto "Reorganizar 2007" está me deixando confuso. O projeto consiste em pegar tudo o que eu tenho de música e colocar em um só lugar, backupear e correr pro abraço.

Problema #1: O volume de música cresce a cada dia. Sempre tem uma sugestão nova e eu sou curioso demais pra deixar passar.

Problema #2: Falta tempo pra fazer isso. Envolve toda uma logistica Trabalho-Casa que acaba comigo. E dá preguiça também.

Mesmo assim, sempre sobra tempo pra ler uns outros blogs e achar coisas legais. E dessa vez veio um petardo. Achei o Antipropaganda, uma espécie de um Blog que trata sobre diversos temas com uma abordagem humorística. O cara é a favor da publicidade verdadeira, sem truques, ardis, e jogos de palavras. Acho meio utópico, mas a idéia é bacana. Como ele mesmo diz "Esse mundo tá todo fudido, cara", e às vezes eu boto fé mesmo. De qualquer jeito, entra ai e gasta uns 10 minutos. Você vai virar leitor, ou então passar um bom tempo lá. Satisfação garantida! O link também está na barra ao lado (Outros autores).

Pra não fugir muito da música, essa semana os mais lováveis blogs de música postaram os "100 melhores álbums brasileiros" de todos os tempos, de acordo com a Revista Rolling Stone. Isso inclui o download de todos eles. Fodásso! É claro que, como toda lista desse tipo, ela é injusta e tem umas merdas no meio, mas vale a pena pelos downloads. E tem Acabou Chorare na primeira posição. Prontofalei!

Pra ver um desses blogs bons, clique aqui, ou navegue nos links ao lado.

É isso ai, forte abraço!

Beijomeliga!

Sugestão de Playlist:

1. Céu - Roda (Sem preconceito, galego!)
2. Hot Water Music - Remedy
3. Beastie Boys - Suco de Tangerina
4. Dire Straits - Once upon a time in the West
5. Cidadão Instigado - Te encontra logo

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O Acaso

Após um feriado revigorante, voltamos às atividades normais. A mesma rotina, pelo menos até a próxima semana.


Confabulando sobre o que eu poderia sugerir aqui, e paralelamente fuçando na internet, me lembrei de como o acaso às vezes traz alguns sons de qualidade pra nossa cabeça. Quem nunca descobriu uma música por acaso, seja no videogame, como pano de fundo de uma reportagem sobre o acasalamento das baleias do ártico, ou ainda, por pura estupidez? São essas surpresas que expandem o nosso inventário musical e nos levam à experiências sonoras nunca antes sonhadas, fazendo da vida um lindo laboratório audiovisual, por onde as fantasias flutuam e os decibéis harmoniosamente acompanham nossas ações, tal qual uma trilha sonora. (Ok, beeem viagem)

Mas sério, não é excelente descobrir uma sonzeira por acaso? Ou ainda, entrar num blog super bacana e ler uma sugestão musical de encher os ouvidos?
Anyway, uma das boas descobertas que tive por acaso foi o Hot Water Music. Pelo que me lembro, estava lendo sobre as influências de uma banda X, quando li esse nome pitoresco entre os artistas listados. Resolvi baixar uns 2 sons e de primeira não gostei. Era óbvio que eu não ia gostar, porque eu estava naquela fase adolescente, imerso na atmosfera punk rock, onde eu só achava bom o que tinha no mínimo 15 batidas na caixa por segundo. Então, depois de um tempo, eu comprei uma coletânea (de punk Rock) e tinha um som dessa banda.

Resumo da Ópera: curti demais aquela música e comprei o álbum que a continha. Hoje, Caution é um dos meus álbuns favoritos, pelo fato de ser muito coeso e diferenciado, inclusive pela capa. É considerado por muitos um tipo de Pós-Punk, e até que a definição cai bem, apesar da minha opinião sobre rótulos.

O HWM é uma banda norte-americana, de Gainesville, Flórida, formada em 1993. É bem reconhecida pelos vocais rasgados de Chuck Ragan e pelas linhas de baixo pouco convencionais de Jason Black, claro, sem descartar o restante da banda. Essas características tornam o Hot Water bastante original, e fica fácil identificá-los após 2 ou 3 acordes. A boa notícia é que, após um recesso de 2 anos, os caras estão voltando e esperamos que eles dêem as caras por aqui.

A segunda descoberta do acaso, e bota acaso nisso, foi o Backyard Babies (outro nome bastante pitoresco, de fato).

Ainda na minha adolescência, e ainda imerso naquela atmosfera Punk Rock, eu planejava ir a um show do Avail. Confesso que nem conhecia, e até hoje não conheço a banda, mas sabendo que os gringos passariam por aqui, queria ver qual era a dos caras. Acontece que eu fui idiota o suficiente para ir no Hangar 110 uma semana antes e dei de cara com o Backyard Babies. Não era aquele punk rock gritaria, mas um hard rock de primeira. Não poderia ser diferente, tratando-se da turnê do Making Enemies is Good.

A banda, formada em Nässjö, na Suécia, já tem 20 anos e obviamente passou por diversas formações. É fato que conheço pouco além de Making Enemies is good, mas sem dúvida o BYB é outra boa surpresa.Quando cheguei no show, estranhei aqueles europeus Posers e aquele guitarrista com pinta de índio Pataxó, mas no fim, achei o som bem bom. "O rock estava ali, e foi lindo."

Liderados pelo frontman Nicke Borg, também membro do Hellacopters, o Backyard Babies faz um hard rock simples e pouco engajado, mas repleto de guitarras endiabradas e refrões pegajosos. Parece sim bem simplório, mas ainda assim é bem original e distinto. Vale a pena tirar suas próprias conclusões.
Pra baixar, basta entrar na nossa estimada HD Virtual ou então, clicar diretamente nos links abaixo.
Abraço!
Sugestão de Playlist:
1. Hot Water Music - Wayfarer
2. Backyard Babies - The Clash
3. The Black Crowes - Remedy
4. NOFX - Glass War
5. Chico Buarque - Folhetim

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Trilha sonora (de um momento da sua vida)

Texto redigido por Fabrício S. Alabarce (Magrão) em 27/10/07:

Fazer compras no supermercado, namorar, ir pro colégio ou faculdade assistir aula, viajar, praticar seu esporte preferido, trabalhar, dirigir, sair a noite, enfim tarefas normais do dia a dia de cada um que, às vezes a memória não consegue buscar lá no fundo, mas que, por algum motivo, ao escutar uma certa música, imediatamente você se recorda daquele dia, do que aconteceu ou se recorda de uma certa pessoa.

É exatamente sobre isso que eu queria falar um pouco. TUDO que você faz TEM que ter uma trilha sonora. Na minha opinião, uma das melhores coisas é quando você escuta uma música que nem lembrava mais que existia mas que marcou um certo dia ou situação na sua vida.

Alguma pessoa, algum lugar, alguma recordação, enfim, tudo isso imediatamente vem a sua cabeça e parece que aquele dia ou fato que aconteceu há tanto tempo foi ontem! Basta apenas um arranjo, um refrão, um riff de guitarra para a viagem ao túnel do tempo começar!

O que me fez pensar sobre isso foi que eu sempre gostei de pegar onda. Comecei neste “vício” com 16 anos (hoje tenho 27) e neste tempo muitas amizades foram feitas, muitas trips, muitas roubadas, muitas ondas de sonho e muitas histórias aconteceram...E várias dessas histórias têm a sua trilha sonora específica.

Eu, particularmente, acho que filmes de surf são umas das melhores fontes para se encontrar boas músicas, daquelas que marcarão você pra sempre, que te trarão lembranças no futuro. Principalmente pra quem gosta de hardcore, punk rock e afins.

Há pouco tempo atrás tive a idéia de baixar da net alguns filmes de surf e para minha surpresa encontrei alguns mais antigos, dessa mesma época minha de adolescente. E ao assistir e escutar as músicas novamente, após 10 anos, várias lembranças vieram à tona naquele momento. Indescritível!

Agora mesmo estou lembrando de uma viagem a Ubatuba...

Sugestão do "Playmovielist":

1. Rip Curl – Stomp
2. Taylor Steele – The show
3. Rip Curl – This way up
4. Rip Curl – Beyond the Boundaries
5. Taylor Steele – Good Times

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Degustando Los Hermanos

Post elaborado antes e depois do almoço. Bon Appetit!
Entre 1997 e 1998, surgiam os Los Hermanos”.

A banda carioca, formada por estudantes da PUC e idealizada por Marcelo Camelo, nunca seguiu receita musical alguma, sempre somando ou subtraindo ingredientes do seu som, sem nunca perder o sabor. Naturalmente, a prática e o tempo levam à excelência, e pouco a pouco, os rapazes foram melhorando a mão.

É verdade que para 10 anos de carreira, os Hermanos possuem um cardápio restrito, no que se refere à quantidade (4 Álbuns), mas sem dúvida a qualidade é excepcional, e o tempero é melhor que o da baiana. Aliás, o segredo está justamente no tempo de preparo, para que nada seja servido cru.

Começaram soando ligeiramente como hardcore, apesar das letras de amor e de outros elementos alheios ao gênero, como trompetes. No final de 98, a banda (formada por Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Rodrigo Barba, Bruno Medina e Patrick Laplan) lançava duas fitas demo como aperitivos, intituladas “Chora” e “Amor e Folia”. De uma maneira ou de outra, as fitas caíram no gosto de Paulo André, então produtor do festival Abril Pro Rock de Recife. Foram convidados a tocar no festival, e logo em seguida, se apresentavam no Festival Superdemos.

Já em 1999, lançavam seu álbum de estréia, homônimo, pela Abril Music. O disco vinha recheado de músicas que perambulavam entre o hardcore, o ska e o samba, e variava entre letras adocicadas e amargas. O hit Anna Julia estoura e projeta os rapazes no cenário nacional, resultando na venda de 300 mil cópias do álbum. A canção agradou também o paladar de Jim Capaldi, que com George Harrison, regravou-a em seu último trabalho “Living on the Outside” (2001).

Um par de anos depois, já digeridos pela cena musical brasileira, os Hermanos mostram seu amadurecimento no Bloco do Eu Sozinho. O segundo álbum da banda traz ainda um gosto de hardcore, mas desta vez empanado em melodias sincopadas, fortemente influenciadas pela Bossa Nova, Samba, e com maior participação do naipe de metais. A adição de novos ingredientes somada à “reforma parcial na cozinha” (o baixista Patrick Laplan deixara a banda) trouxe uma sonoridade mais saborosa à banda. Contudo, parte da crítica (e inclusive a própria Abril Music) alegou indigestão e colocou os rapazes na geladeira.

Mesmo assim, os adeptos da banda cresciam pouco a pouco, e em 2003 mais um trabalho saia do forno, sob o nome de Ventura. É verdade que houve uma pequena degustação antes da hora (algumas versões demo vazaram pela internet), mas isso não impediu o disco de consolidar finalmente o Los Hermanos no cenário nacional.

Ventura é, para mim, o disco mais rico da banda, porque traz uma pluralidade de condimentos como só o paladar brasileiro poderia conceber. Ao mesmo tempo em que põe à mesa o samba de “Samba a dois”, traz a melancolia de canções como “O Velho e o Moço”. Consegue reunir o rock de “Cara Estranho” à levada circense de “Do lado de Dentro”, e assim por diante. A turnê do disco resultaria ainda em um DVD, gravado no Cine Íris.

Em 2005, a banda lança seu quarto trabalho: Quatro. Para todos que estavam acostumados com a levada de Ventura, o disco veio como um baque. Não por ser ruim, mas por ser completamente introspectivo. Ao contrário dos demais álbuns, Quatro é mais calmo, bastante puxado na Bossa Nova. Os metais, que caracterizavam a banda nos trabalhos anteriores, foram subtraídos, dando espaço para o violão. O tempero é mais suave, mas ainda assim, a mistura é bem azeitada e traz pérolas como “Condicional”, “O Vento” e a levada latina de “Paquetá”.

Em abril de 2007, após mais uma turnê, a banda abruptamente anuncia um recesso, em função do acúmulo de atividades de cada um dos integrantes. Rodrigo Amarante decide se dedicar à Orquestra Imperial; Rodrigo Barba foca suas atividades na banda Jason; Bruno Medina permanece escrevendo e Marcelo Camelo continua compondo e fazendo pequenas participações.

O banquete está suspenso, mas quem ainda não se deu por satisfeito, pode repetir enquanto não chega a sobremesa.

Deu água na boca? Então sirva-se. O buffet é livre.

Se preferir, acesse a HD 115dB.

Abraço!

Sugestão de Playlist

1. Los Hermanos - Cher Antoine
2. Móveis Coloniais de Acajú - Esquilo não Samba
3. Hot Water Music - Remedy
4. Sublime - Date Rape
5. João Gilberto - O Barquinho

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

HD 115 dB

Salve!

Hoje, inauguramos nossa querida HD virtual, dotada de todo conteúdo que já sugerimos aqui. O endereço é: http://115db.4shared.com/; Para evitar problemas legais, o termo de responsabilidade do usuário está logo abaixo, no canto direito. E para facilitar a sua vida, vou re-postar o que já foi sugerido aqui, em ordem alfabética. Segue abaixo:

1. Baden Powell:


2. The Beatles:

3. Chico Buarque:

4. Cidadão Instigado

5. Clutch

6. Doces Bárbaros

7. Eric Clapton & B.B King

8. João Gilberto & Stan Getz

9. Lenine

10. Lobão

11. Mombojó

12. Mutantes

13. Orquestra Imperial

14. Pink Floyd

15. Propagandhi

16. Queens of the Stone Age


17. Red Hot Chilli Peppers

18. Yes

Mão na roda, né? É isso ai. Divirta-se compadre! E não deixe de comentar o que tiver baixado!
Abraço!

Sugestão de Playlist:

1. Devendra Banhart - Seahorse
2. Radiohead - Creep
3. David Bowie - Starman
4. Franz Ferdinand - Love and Destroy
5. Mombojó - Faaca

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Pré-Final de Semana

Aproveitando o tempo que me resta aqui no trabalho antes do final de semana. Um típico post de blog:
Primeiramente, repare na reforminha do layout. Mais espaçoso, mais bonito, mais acessível, mais chique. Segundo, sigo na minha cruzada para organizar as músicas da minha HD (atualmente com 4.8 GB) e fazer upload do que já sugeri aqui. Se tudo der certo até o final da semana que vem termino com isso. O problema é o meu vício de baixar coisas novas. Esses dias baixei coisas como: Fela Kuti, Devendra Banhart, Kaiser Chiefs, Smashing Pumpkins (Zeitgeist), Móveis Coloniais de Acajú, Led Zeppelin (BBC Sessions), Ney Matogrosso (Um Brasileiro), entre outras coisas. Muita coisa diferente, eu sei. Mas é o ímpeto de buscar novos sons!
Ainda prometi pra Déa um post intensivo Los Hermanos, com links pra todos os álbuns, e o rotineiro comentário. Fica tudo pra semana que vem, porque eu quero mais é final de semana tranquilo, comilança e sono. Mas pra fechar esse post inútil, trago um vídeo de um dos mais célebres desenhos, da década de 70. Vi outro dia no comercial do Speedy e resolvi buscar o nome. Quem não lembra dos Impossíveis?

Repare na músiquinha de fundo. Muito louca!

Bom, é isso aí! Time's up!

Abraço!

Sugestão de Playlist:

1. PJ Harvey & Bjork - Satisfaction.

2. Red Hot Chilli Peppers - Walkabout.

3. Pink Floyd - Childhood's end.

4. Chico Buarque - Brejo da Cruz

5. Jack Johnson - Sitting, Waiting, Wishing (Sem preconceito, rapaziada!)

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Pós-Feriado.

Hola Chicos,
Feriado excelente e preguiçoso. Do lado de cá, nenhuma grande novidade. Fico feliz em saber que o último review do show do Propagandhi foi bem aceito pelas poucas pessoas que o leram. Inclusive, ele foi postado no site brasileiro do Propagandhi. E devo dizer que temos um impressionante recorde de 25 visitantes diferentes num mesmo dia. Fantástico!
Ironia Mode ON [ ] OFF [x]
Quem quiser dar uma bisbilhotada, clique aqui. Fora isso, nada de mais. Continuo na minha jornada de novas músicas, mas estou aceitando sugestões. Ainda posto um Múltiplas impressões parte 2. Por enquanto, prefiro postar um vídeo caseiro editado na semana passada. É uma mistura de 2 sketches que gravei, de uma música sem título criada em há algum tempo. Pra não ficar sem nome, chamo-a de Groove. Autoria de Danilo Lima e Henrique Resek. Check it out.

Tenho a leve impressão de que o áudio está atrasado.

Por fim, inauguro hoje também a nossa querida HD Virtual. Por enquanto tem pouco coisa, mas vou upando o que já sugeri aqui, pouco a pouco. Pra quem quiser checar, basta clicar nos links ao lado, ou digitar http://115db.4shared.com/ . A senha de acesso é 115db

Bom, é isso. Quick hugs!

Sugestão de Playlist

1. Novos Baianos - Um Bilhete para Didi

2. Cidadão Instigado - O pinto de peitos

3. Motocontínuo - As maravilhas da cidade grande

4. NOFX - Glass War

5. Led Zeppelin - The Rover

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

:: Propagandhi Live! (06/10) ::

“We don’t care if we’re destroyed, we’ll never capitulate. We’ll take the whole fucking world down with us in flames”

"Fudido. Bom Bagarai. Do cacete. Muito Foda."

Poucas palavras poderiam definir com precisão o que foi o show do Propagandhi em São Paulo, no último sábado (06/10). Certamente, qualquer uma delas tem um significado positivo. Insano, apoteótico, genial e fantástico são boas pedidas, mas talvez a melhor definição venha do Inglês. O show foi Trash, no melhor sentido da palavra. Não só porque a própria banda se define como progressive-trash, mas também porque a casa estava repleta de Trashers ensandecidos.

O Outs abriu por volta das 16h, mas eu só fui dar as caras no local às 19:20h. Logo na entrada, eu via Todd “The Rod” (baixista da banda). Do outro lado, um skinhead apanhando muito. Foi derrubado no chão, levava fortes chutes no crânio e jorrava sangue pelos buracos dos piercings. Depois levantou-se e acendeu um cigarro, como se esse tipo de situação fosse rotineira. Resolvi então entrar.

Lá dentro tocavam bandas de abertura, havia uma pequena banca de camisetas, adesivos e CDs (nenhum do Propagandhi). Uma cerveja e algum tempo depois, o local começava a se empanturrar de gente e as bandas de abertura não acabavam nunca. O show, previsto para começar entre 19h e 19:30h foi começar perto das 22h.

Já no palco, os canadenses se preparavam e o público, eufórico, se espremia para se aproximar. A 1 metro de distância da banda, eu também aguardava ansioso. E então Chris Hannah deu os seus primeiros acordes, anunciando “A Speculative Fiction” e levando todos à loucura. Nunca vi tantos Stage-dives na vida, como nesse show. Foram dúzias de bicas na cara e cotoveladas na costela. O vídeo abaixo talvez consiga dar uma idéia da energia que rolava lá.

Desse ponto em diante, fica difícil descrever o show. Muita pancadaria, solos inebriantes de guitarras, linhas de baixo agressivas e marretadas de bateria marcavam cada pedrada que rolava. Tocaram grandes sons como “Back to the Motor League”, “Die Jugend Marschiert”, “Anti-manifesto”, entre outros. Mas também faltou muita coisa, como “The State Lottery”, “With friends like these (...)”, “Iteration”, etc.

Depois de uma pequena pausa e um BIS, o Propagandhi encerrava o show com “Who Will Help me Bake this Bread”. Pouco depois do show, ainda perambulavam pelo ambiente, doavam algumas palhetas e se arriscavam de leve no português. São caras simpáticos e humildes.

A despeito das mudanças de local, do som um pouco desregulado, e da curta duração em função das 57 bandas de abertura, posso afirmar com certeza que foi o show mais foda de todos os tempos. Já poderia morrer feliz hoje. Sabe Deus daqui quantos anos eles voltam pra cá, e ainda, daqui quanto tempo sai algum álbum novo. Do lado de cá, só nos resta contar vantagem para os que não foram, e aguardar por mais.

Sugestão pra quem quer começar a ouvir: Today’s Empires, Tomorrow’s Ashes (Álbum)

Créditos do vídeo: KFCnirvana
Créditos da Foto: Kaio Ramone

Sugestão de playlist:
1. Propagandhi - Back to the motor League
2. Jeff Beck - Black Cat Moan
3. Queens of The Stone Age - In My head
4. Bersuit Vergarabat - Se viene
5. Lagwagon - Love Story

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Viagens Psicodélicas

Já há algum tempo eu queria falar um pouco sobre dois álbuns que marcaram a história do rock, em especial do rock progressivo. São daqueles pra se ouvir por completo, sem pular faixas, ou mexer na agulha. Quanto ao que eu vinha ouvindo e falando antes, fica pra daqui a pouco, já que me bateu inspiração suficiente pra escrever durante o fim de semana esse breve texto. Segue abaixo:

Em 1964, os Mutantes davam os seus primeiros sinais de vida, ainda sob o nome de “Wooden Faces”, e sem a participação de Sérgio Dias. Muitas formações, desentendimentos e discussões depois, a banda surge oficialmente em 1966, composta por pelos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, acompanhados pela voz de Rita Lee. Começam a fazer algumas apresentações, gravam demos, participam com Gilberto Gil do terceiro festival Record e finalmente, em 1968, lançam o seu primeiro LP, homônimo, recheado de pérolas como Panis Et Circenses, Bat Macumba, Le Premier Bonheur du jour, entre outras. O disco serviria, posteriormente, como forte base para o lançamento do lendário Technicolor. Mas essa é outra história.

Ainda em 1968, na cidade de Londres, surgiam os primeiros indícios do Yes, quando Chris Squire convidava Jon Anderson para montar uma banda num velho Pub. Papo vai, papo vem, e os rapazes estariam abrindo um show para o Cream em 26 de Novembro daquele mesmo ano, no Royal Albert Hall. Quase um ano depois, o Yes lançava o seu primeiro Álbum, também Homônimo, pela Atlantic Records.

Ambas as bandas permaneciam seguindo caminho paralelos, apesar da distância. E eis que, em 1972, o Yes lança o clássico Fragile. Dois anos depois, os Mutantes, já sem Rita Lee e Arnaldo Baptista, lançavam o seu próprio Fragile, intitulado, Tudo Foi Feito Pelo Sol. Provavelmente aqui você deve se perguntar: “Tá, e daí?”. E daí que os dois discos se tornaram marcos do rock progressivo, transbordando genialidade, agilidade, perspicácia e lisergia.

Talvez pela diferença de tempo, o álbum inglês tenha influenciado o brasileiro. Contudo, os Mutantes não descartaram o tempero Tropicalista que escondiam na manga, e fizeram um álbum de tirar o chapéu, mantendo-se firmes no páreo.

O Fragile é composto por 9 músicas, sendo 6 delas criações pessoais de cada um dos integrantes, e as outras 3, criações em grupo. O Álbum já começa com uma pedrada, que é Roundabout, com 8 minutos e meio. O baixo marcante, a bateria sincopada e os efeitos psicodélicos que o então estreante Rick Wakeman produz nos teclados, criam a atmosfera de todo o disco. Destaque ainda para South Side of the Sky, The Fish (Schindleria Praematurus), Mood for a Day e Heart of The Sunrise, finalizando o disco com maestria, e deixando o riff pegajoso de guitarra grudado na cabeça.

O Tudo foi feito pelo sol, por sua vez, consiste basicamente em criações de Sérgio Dias, ora acompanhado, ora sozinho. Logo de cara, a pedrada já bate na cabeça. Mas desta vez ela vem na forma de uma Chuva de espinhos. Deixe entrar um pouco d’água no quintal é, sem dúvida, a melhor música do disco e já prepara o ouvinte para uma bela experiência sonora, além de mostrar as habilidades com as 6 cordas de Sérgio Dias. O disco segue com Pitágoras, e claramente se vê a influência progressiva. Não fosse pela voz e pelas letras, poderíamos trocar algumas músicas entre os discos sem que houvesse estranhamento. Destaque para Rock n’ Roll bem-humorado de Eu só penso em te ajudar e para o desfecho suave, que leva o nome do LP (Tudo foi feito pelo Sol).
Para quem gosta de Rock n’ Roll, viagens psicodélicas, músicas longas (característica clássica do progressivo) e um tempero de tropicália, os dois discos são um banquete. Vale a pena ouvir os discos intercalados, pra sacar as influências. E se possível, na vitrola e com tempo de sobra.

Pra baixar clique nos links:

- Download - Yes - Fragile

Abraço!

Sugestão de Playlist:
1. Yes - Heart of The Sunrise
2. Os Mutantes - Tudo foi feito pelo Sol
3. Pink Floyd - Sheep
4. Novos Baianos - Tinindo
5. Fu Manchu - Mongoose